Foto: Envato Elements
Por Joyce Canele
[email protected]São Paulo, 07/07/2025 - A dor de cabeça, também chamada de cefaleia, é um problema que atinge a maior parte da população brasileira.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia, cerca de 140 milhões de pessoas no país enfrentam episódios desse tipo de dor em algum momento da vida. Estima-se que 99% das mulheres e 94% dos homens já tiveram ou terão ao menos uma crise ao longo da vida.
Embora comumente associada ao estresse, ao cansaço ou a causas neurológicas, a cefaleia também pode ter origem na saúde bucal. O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP) alerta que alterações na articulação temporomandibular (ATM) que liga a mandíbula ao crânio, estão entre os fatores que podem provocar esse tipo de dor.
Segundo o Dr. Alain Haggiag, integrante da Câmara Técnica de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial do CRO-SP, a cefaleia relacionada a essa disfunção costuma se manifestar na região das têmporas, da mandíbula, do pescoço, ao redor dos ouvidos ou nos músculos da mastigação.
A dor é descrita como uma pressão constante, sensação de peso ou tensão muscular, podendo piorar com movimentos como mastigar, falar por muito tempo, bocejar ou apertar os dentes. Quando ocorre por mais de 15 dias no mês, é considerada crônica.
Outros sinais que ajudam a diferenciar esse tipo de cefaleia incluem:
A avaliação de um dentista especializado em dor orofacial é essencial para um diagnóstico preciso. O profissional realiza exames clínicos, testes musculares e articulares, além de utilizar questionários padronizados e, se necessário, exames como a eletromiografia.
Também é importante investigar hábitos parafuncionais, como ranger ou apertar os dentes, mascar chiclete com frequência, roer unhas ou morder os lábios, que podem sobrecarregar a musculatura da face.
Outro fator de atenção são focos de infecção bucal, como cáries, inflamações na gengiva e infecções em raízes dentárias, que podem contribuir para o agravamento das dores. A explicação está no nervo trigêmeo, responsável por conectar estruturas da face, cabeça e pescoço. Quando há inflamação ou tensão em áreas ligadas a esse nervo, a dor pode irradiar e ser percebida como uma cefaleia.
Pacientes com cefaleia recorrente também relatam:
O tratamento é conservador e busca reduzir a sobrecarga muscular, melhorar o sono e aliviar a dor. Ele pode incluir o uso de:
Medicamentos analgésicos como anti-inflamatórios ou relaxantes musculares podem ser utilizados em casos mais agudos.
Cefaleias secundárias, como as associadas a disfunções bucais, costumam ter bom prognóstico e podem ser resolvidas com o tratamento adequado.
A atuação integrada entre dentista, fisioterapeuta e, quando necessário, médico ou psicólogo, aumenta as chances de melhora da dor de cabeça e da qualidade de vida do paciente.
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