O que é lipedema? Entenda os sintomas da doença

Foto: Envato Elements

Os sintomas também incluem sofrimento psicológico, como ansiedade, depressão e estigma social - Foto: Envato Elements
Os sintomas também incluem sofrimento psicológico, como ansiedade, depressão e estigma social

Por Joyce Canele

[email protected]
Publicado em 27/06/2025, às 14h29

Junho é o mês de conscientização sobre o Lipedema, mas você sabe o que é? O lipedema é uma doença crônica que se manifesta no acúmulo excessivo de gordura em pernas e, às vezes, nos braços. Esse tecido adiposo acumulado se desenvolve lentamente e pode causar dor e sensibilidade ao toque. Apesar de ser pouco reconhecida, a condição é persistente e impacta a qualidade de vida de quem a possui.

De acordo com o estudo "Lipedema – favorecendo educação e diagnóstico", publicado pelo Deutsches Ärzteblatt International, o lipedema é caracterizado por deposição simétrica de gordura, geralmente não ocorre nos pés e mãos, e causa inchaço sem deixar marcas profundas ao pressionar a pele.

Segundo o cirurgião vascular Dr. Vinícius Bertoldi, que também atua como diretor de Patrimônio da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), o lipedema continua sendo uma condição pouco reconhecida e muitas vezes mal interpretada.

“É uma condição com características próprias, que exige escuta qualificada. A falta de conhecimento entre profissionais de saúde, a sobreposição com outros quadros e a ausência de marcadores laboratoriais dificultam o diagnóstico. Muitas mulheres são tratadas apenas como pessoas com excesso de peso, quando, na verdade, convivem com uma doença que demanda acompanhamento adequado”

A doença afeta majoritariamente mulheres e costuma surgir ou piorar em períodos de alteração hormonal como: adolescência, gravidez ou menopausa. 

Os sintomas vão além do acúmulo de gordura e incluem:

  • Dor constante;
  • Sensibilidade ao toque;
  • Tendência a hematomas e;
  • Sensação de peso nas pernas.

Os sintomas também incluem sofrimento psicológico, como ansiedade, depressão e estigma social. Esses sinais são consequência de disfunções microvasculares e inflamação no tecido adiposo, não apenas do excesso de gordura.

Por que o lipedema é confundido com outras condições?

Linfedema: no linfedema, o inchaço ocorre nos pés e mãos, com edema que marca a pele quando pressionada, diferente do

Lipedema Varizes: causam dor e peso, contudo estão relacionadas ao sistema venoso, não ao acúmulo de gordura.

Lipodistrofia ginoide (popular “celulite”): cria irregularidades na pele, mas não provoca dor nem sensibilidade como no lipedema.

Essas distinções reforçam a importância de um diagnóstico cuidadoso, para evitar tratamentos ineficazes ou desnecessários.

O que causa o lipedema?

As causas não são totalmente conhecidas, mas estudos apontam para três fatores principais:

Genética: há forte tendência familiar, com muitos casos relatando histórico materno.

Hormônios sexuais: a incidência em mulheres, com agravamento em fases hormonais, sugere envolvimento de estrogênio e progesterona.

Alterações microvasculares: vasos capilares comprometidos no tecido adiposo favorecem inflamação e edema.

Tratamento e controle

Em determinadas situações, é possível tratar o lipedema com lipoaspiração utilizando a técnica tumescente, que protege os vasos linfáticos e deve ser feita por especialistas capacitados. Além disso, é importante que os pacientes evitem dietas extremas com excesso de açúcar e gordura, procedimentos invasivos como a lipoaspiração tradicional, o sedentarismo e o uso prolongado de corticosteroides sem orientação médica.

Apesar de não ter cura, é possível controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida com uma abordagem multidisciplinar como:

Exercícios de baixo impacto: hidroginástica, caminhada, ioga e musculação leve ajudam na circulação e no fortalecimento muscular.

Alimentação anti-inflamatória: privilegiar alimentos naturais, ricos em antioxidantes, fibras e ômega-3, além de evitar ultraprocessados, contribui para reduzir inflamações.

Terapia compressiva: uso regular de meias de compressão alivia o peso e inchaço dos membros.

Suporte psicológico: essencial para lidar com o impacto emocional da doença.

Na visão do Dr. Bertoldi, dar mais visibilidade ao lipedema é um passo fundamental.

A conscientização precisa avançar, tanto entre os profissionais quanto entre as pacientes. Quem sente dor, hematomas frequentes e percebe gordura desproporcional em pernas e braços, que não melhora com dieta, deve procurar um cirurgião vascular. O diagnóstico precoce pode mudar vidas”, conclui

Embora não exista forma de prevenir completamente o lipedema, controlar o peso, manter uma alimentação balanceada e praticar exercícios físicos regulares são estratégias eficazes para limitar a evolução da doença e proporcionar maior bem-estar.

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias