Foto: Envato Elements
Por Joyce Canele
[email protected]Junho é o mês de conscientização sobre o Lipedema, mas você sabe o que é? O lipedema é uma doença crônica que se manifesta no acúmulo excessivo de gordura em pernas e, às vezes, nos braços. Esse tecido adiposo acumulado se desenvolve lentamente e pode causar dor e sensibilidade ao toque. Apesar de ser pouco reconhecida, a condição é persistente e impacta a qualidade de vida de quem a possui.
De acordo com o estudo "Lipedema – favorecendo educação e diagnóstico", publicado pelo Deutsches Ärzteblatt International, o lipedema é caracterizado por deposição simétrica de gordura, geralmente não ocorre nos pés e mãos, e causa inchaço sem deixar marcas profundas ao pressionar a pele.
Segundo o cirurgião vascular Dr. Vinícius Bertoldi, que também atua como diretor de Patrimônio da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), o lipedema continua sendo uma condição pouco reconhecida e muitas vezes mal interpretada.
“É uma condição com características próprias, que exige escuta qualificada. A falta de conhecimento entre profissionais de saúde, a sobreposição com outros quadros e a ausência de marcadores laboratoriais dificultam o diagnóstico. Muitas mulheres são tratadas apenas como pessoas com excesso de peso, quando, na verdade, convivem com uma doença que demanda acompanhamento adequado”
A doença afeta majoritariamente mulheres e costuma surgir ou piorar em períodos de alteração hormonal como: adolescência, gravidez ou menopausa.
Os sintomas também incluem sofrimento psicológico, como ansiedade, depressão e estigma social. Esses sinais são consequência de disfunções microvasculares e inflamação no tecido adiposo, não apenas do excesso de gordura.
Linfedema: no linfedema, o inchaço ocorre nos pés e mãos, com edema que marca a pele quando pressionada, diferente do
Lipedema Varizes: causam dor e peso, contudo estão relacionadas ao sistema venoso, não ao acúmulo de gordura.
Lipodistrofia ginoide (popular “celulite”): cria irregularidades na pele, mas não provoca dor nem sensibilidade como no lipedema.
Essas distinções reforçam a importância de um diagnóstico cuidadoso, para evitar tratamentos ineficazes ou desnecessários.
As causas não são totalmente conhecidas, mas estudos apontam para três fatores principais:
Genética: há forte tendência familiar, com muitos casos relatando histórico materno.
Hormônios sexuais: a incidência em mulheres, com agravamento em fases hormonais, sugere envolvimento de estrogênio e progesterona.
Alterações microvasculares: vasos capilares comprometidos no tecido adiposo favorecem inflamação e edema.
Em determinadas situações, é possível tratar o lipedema com lipoaspiração utilizando a técnica tumescente, que protege os vasos linfáticos e deve ser feita por especialistas capacitados. Além disso, é importante que os pacientes evitem dietas extremas com excesso de açúcar e gordura, procedimentos invasivos como a lipoaspiração tradicional, o sedentarismo e o uso prolongado de corticosteroides sem orientação médica.
Apesar de não ter cura, é possível controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida com uma abordagem multidisciplinar como:
Exercícios de baixo impacto: hidroginástica, caminhada, ioga e musculação leve ajudam na circulação e no fortalecimento muscular.
Alimentação anti-inflamatória: privilegiar alimentos naturais, ricos em antioxidantes, fibras e ômega-3, além de evitar ultraprocessados, contribui para reduzir inflamações.
Terapia compressiva: uso regular de meias de compressão alivia o peso e inchaço dos membros.
Suporte psicológico: essencial para lidar com o impacto emocional da doença.
Na visão do Dr. Bertoldi, dar mais visibilidade ao lipedema é um passo fundamental.
A conscientização precisa avançar, tanto entre os profissionais quanto entre as pacientes. Quem sente dor, hematomas frequentes e percebe gordura desproporcional em pernas e braços, que não melhora com dieta, deve procurar um cirurgião vascular. O diagnóstico precoce pode mudar vidas”, conclui
Embora não exista forma de prevenir completamente o lipedema, controlar o peso, manter uma alimentação balanceada e praticar exercícios físicos regulares são estratégias eficazes para limitar a evolução da doença e proporcionar maior bem-estar.
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