Vacina de herpes-zóster pode diminuir risco de demência em pessoas idosas
Foto: Adobe Stock
Publicado em 05/12/2025, às 12h53
São Paulo, 05/12/2025 - A vacina contra herpes-zóster, além de prevenir a doença, também pode reduzir o risco de desenvolvimento de demência. É o que aponta um estudo realizado no País de Gales, com aproximadamente 280 mil idosos, divulgado nesta semana.
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Os resultados revelaram que os idosos imunizados tinham 20% menos probabilidade de desenvolver demência ao longo de sete anos, comparados aos participantes que não se vacinaram. De acordo com a pesquisa, o programa de vacinação implementado na região criou, inesperadamente, um cenário ideal para o acompanhamento dos participantes ao longo dos anos, permitindo a coleta de dados e análise dos resultados.
O levantamento, liderado pela Universidade de Stanford e publicado na revista Nature, também revelou que o efeito protetor da vacina foi mais forte em mulheres do que em homens. Esses resultados reforçam a hipótese de que o vírus pode estar relacionado ao desenvolvimento da demência e que a vacina pode retardar a progressão da doença em pessoas em risco de desenvolvê-la.
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A geriatra e presidente da Comissão de Inovação em Doença de Alzheimer e Demências da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Claudia Suemoto, explica que os resultados do estudo são interessantes, apesar de não ter sido controlado.
"Os autores do estudo agora procuram evoluir para um experimento controlado, com placebo, entre outros detalhes. Assim, terão mais evidências em um futuro não muito próximo", acrescenta.
A especialista destaca que pesquisas como essas poderão testar se infecções virais, como a herpes-zóster, podem estimular o desenvolvimento de outras doenças como a demência e até mesmo o alzheimer.
"Temos a hipótese de que doenças neurológicas, como o alzheimer, podem ter um fundo de inflamação. Então, uma infecção viral pode levar a uma inflamação cerebral, seguida pela progressão da doença de alzheimer, seja como causa ou como estimulador", explica.
Contudo, ela ressalta que hipóteses como a do estudo no País de Gales ainda são observacionais e é necessário que sejam feitos experimentos controlados, conhecidos como ensaios clínicos randomizados, para comprovar a veracidade da hipótese.
O que é herpes-zóster?
Herpes-zóster é uma doença contagiosa que se manifesta na pele e é causada pelo vírus varicela-zoster, o mesmo que provoca a catapora. O vírus permanece adormecido no organismo e pode ser reativado na idade adulta ou em pessoas com baixa imunidade.
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A doença causa inicialmente vermelhidão na pele e segue com o surgimento de vesículas ou bolhas que podem formar crostas e são extremamente dolorosas. Sua transmissão ocorre se a pessoa que tiver contato direto com a lesão estiver com a imunidade comprometida, sem riscos de transmissão pelo contato oral ou gotículas de saliva, por exemplo.
Alguns dos outros sintomas são:
- Dores nos nervos;
- Formigamento, agulhadas, adormecimento, sensação de pressão;
- Ardor e coceira locais;
- Febre;
- Dor de cabeça;
- Mal-estar.
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