Risco de herpes-zóster aumenta com envelhecimento; veja como se prevenir

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"A doença acomete mais pessoas acima de 50 anos, porque é geralmente nessa fase que começa a haver uma perda mais pronunciada da imunidade”, destaca geriatra - Envato
"A doença acomete mais pessoas acima de 50 anos, porque é geralmente nessa fase que começa a haver uma perda mais pronunciada da imunidade”, destaca geriatra
Por Bianca Bibiano

Publicado em 14/05/2025, às 12h56

São Paulo, 14/05/2025 - Com o envelhecimento da população, cresce também a incidência de doenças infecciosas como herpes-zóster. É o que alerta a geriatra Maisa Kairalla, presidente da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Segundo a médica, esse cenário exige maior atenção à prevenção.

“Com a população envelhecendo, as doenças infecciosas vão aumentar. Herpes-zóster é uma delas, assim como pneumonia, covid e influenza. Todas aumentam quanto maior for a imunosenescência."

De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações, a incidência da enfermidade tem crescido em todo o mundo e alguns relatos mostram aumento durante a pandemia de Covid-19. Kairalla explica que o melhor mecanismo de proteção do herpes-zóster é a vacinação. “A vacina atual é extremamente eficaz, com 12 anos no seguimento, mostrando alta proteção em pessoas acima de 50 anos, e também naquelas com mais de 18 anos com imunidade comprometida”, afirma. 

Em nota ao Broadcast/Viva, o Ministério da Saúde informou que encaminhou à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) uma solicitação para avaliar a inclusão da vacina contra herpes-zóster no Sistema Único de Saúde (SUS). O processo envolve etapas como identificação da demanda, análise técnico-científica, viabilidade de implementação e pactuação entre União, estados e municípios. Atualmente, a vacina é aplicada em duas doses apenas na rede privada de saúde. 

Ainda segundo a Pasta, entre 2020 e fevereiro de 2025 foram registrados 2.795 atendimentos relacionados à herpes-zóster no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS. O número se refere a atendimentos, não a pacientes únicos - ou seja, uma mesma pessoa pode ter sido atendida mais de uma vez.

Como o herpes-zóster se manisfesta; veja sintomas

O herpes-zóster, conhecido popularmente como cobreiro, é causado pela reativação do vírus varicela-zóster, o mesmo da catapora. Após a infecção inicial, o vírus pode permanecer dormente no organismo por anos e se manifestar novamente quando o sistema imunológico está comprometido.

“A doença acomete mais pessoas acima de 50 anos, porque é geralmente nessa fase que começa a haver uma perda mais pronunciada da imunidade”, explica Kairalla.

“A resposta imunológica adquirida no passado começa a diminuir após essa idade. E, a partir dos 75 anos, a literatura médica mostra que praticamente um terço dos pacientes tem zóster.”

A médica acrescenta que diversos fatores podem desencadear a reativação do vírus, como o uso de medicamentos imunossupressores, quimioterapia, estresse elevado, covid-19, quadros de depressão ou até queimaduras. “O vírus que estava dormente na raiz de um nervo sensitivo se manifesta de forma diferente na pele, com lesões dermatológicas em apenas um lado do corpo”, detalha a especialista. 

Os sintomas iniciais incluem vermelhidão, coceira, surgimento de vesículas e posterior formação de crostas. A complicação mais temida é a neuralgia pós-herpética, uma dor intensa e prolongada que pode durar semanas ou até meses. “É uma doença que sempre existiu, mas ganhou destaque com a chegada da vacina. O problema é que o diagnóstico nem sempre é rápido, porque as pessoas pensam antes em alergias, picadas de inseto, entre outros.”

Segundo a médica, a lesão causa uma “dor incapacitante, que tira a qualidade de vida, o sono, interfere no trabalho e até em tarefas simples, como se vestir". Além disso, a doença pode aumentar o risco de infarto, comprometer a visão quando atinge a área ocular e elevar a chance de Acidente Vascular Cerebral (AVC). "Em casos graves, o zóster pode atingir o coração, causar encefalite e trazer uma série de outras complicações”, alerta Kairalla.

Proteção da vacina contra herpes-zóster vai além do vírus, mostram pesquisas

Estudos recentes mostram que a vacina oferece benefícios que vão além da prevenção contra herpes-zóster. Uma pesquisa publicada no início de maio no periódico European Heart Journal revelou, por exemplo, que pessoas vacinadas têm menor risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca.

O efeito protetor foi observado até oito anos após a vacinação, com destaque para homens entre 50 e 60 anos com hábitos de vida não saudáveis, baixa renda e residentes em áreas rurais. Segundo os pesquisadores, a vacinação pode contribuir significativamente para a redução da carga de doenças cardiovasculares, funcionando como uma estratégia eficaz de saúde pública. 

Outro estudo, publicado em abril na revista Nature, mostrou que a vacinação contra o herpes-zóster também pode reduzir o risco de demência, especialmente em mulheres. Os dados analisados foram coletados no País de Gales, que implementou uma estratégia de vacinação por sete anos. O estudo identificou uma redução de aproximadamente 20% no risco de diagnóstico de demência entre os vacinados.

Além disso, o mesmo estudo reforçou a eficácia da vacina na prevenção do próprio herpes-zóster ao longo do tempo, concluindo que ela é mais eficaz e econômica na prevenção ou no retardo da demência do que outros medicamentos disponíveis atualmente.

Palavras-chave herpes-zóster

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