Estudo liga saúde mental paterna a problemas no desenvolvimento infantil

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O estudo avaliou o impacto da saúde mental dos pais em seis áreas do crescimento - Foto: Envato Elements
O estudo avaliou o impacto da saúde mental dos pais em seis áreas do crescimento

Por Joyce Canele

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Publicado em 23/06/2025, às 16h47

Embora as mães tenham um maior peso no desenvolvimento mental dos filho, um estudo publicado este mês revela que a saúde mental dos pais também tem impacto relevante, incluindo aspectos cognitivos, emocionais, físicos e de linguagem. Mesmo de forma leve, a angústia emocional paterna foi associada a um crescimento infantil abaixo do ideal.

A pesquisa, publicada na revista científica JAMA Pediatrics, analisou 84 estudos com milhares de pares pai-filho. Os dados mostram que o sofrimento mental dos pais pode afetar os filhos desde a gestação até os 18 anos de idade, com efeitos mais evidentes nos dois primeiros anos de vida.

Os pesquisadores consideraram angústia mental a presença de sintomas ou diagnóstico de depressão, ansiedade, estresse ou uma combinação desses fatores. O período mais sensível a essas influências é o perinatal, que vai da concepção até os dois anos após o parto.

Durante essa fase, os homens podem enfrentar dificuldades emocionais. Estima-se que até 8% deles apresentem sintomas de depressão, 11% sofram com ansiedade e entre 6% e 9% convivam com estresse elevado. Diante disso, os autores reforçam a importância de oferecer apoio psicológico aos pais para favorecer o desenvolvimento infantil.

O estudo avaliou o impacto da saúde mental dos pais em seis áreas do crescimento:

  • Socioemocional;
  • Adaptativo e;
  • Cognitivo da linguagem, físico e motor.

Entre os fatores socioemocionais observados estão a habilidade da criança de criar vínculos, se acalmar sozinha e manter um comportamento equilibrado. O desenvolvimento cognitivo envolveu memória, atenção, aprendizado e desempenho escolar. Já o desenvolvimento físico considerou questões como peso, altura, sono e até dor abdominal.

Por outro lado, os pesquisadores não encontraram uma ligação clara entre a angústia mental paterna e o desenvolvimento adaptativo ou motor da criança.

Os efeitos mais significativos foram percebidos na primeira infância e na infância intermediária. A pesquisa excluiu da amostra casos em que os pais usavam medicamentos, consumiam álcool ou tinham doenças físicas, assim, foi possível focar diretamente na relação entre saúde emocional paterna e bem-estar infantil.

O estudo reforça a necessidade de incluir os pais nas estratégias de apoio à saúde mental dos sistemas de saúde e no acompanhamento familiar desde o início da gravidez.

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