Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
[email protected]À medida que crescem, crianças e adolescentes se tornam cada vez mais conectados. Redes sociais, jogos online, vídeos e aplicativos fazem parte da rotina, e, com eles, surgem preocupações legítimas dos pais sobre segurança, saúde mental e exposição a riscos. Mas como proteger sem invadir a privacidade deles? E construir uma relação de confiança com seus filhos e netos sem abrir mão dos limites?
A resposta está no equilíbrio. É importante lembrar que para garantir a segurança online dos mais novos, é essencial combinar diálogo, confiança e estratégias práticas que respeitem o espaço pessoal dos jovens.
Conforme entram na pré-adolescência e adolescência, eles começam a buscar mais autonomia e discrição em relação à própria vida. Isso é natural. É nesse momento que começam a explorar quem são, o que pensam e com quem se relacionam.
Nesse processo de autoconhecimento, é importante que pais, avós e responsáveis ofereçam espaço para que esses jovens reflitam, experimentem e aprendam a lidar com suas emoções e escolhas. Dar privacidade não significa abandono, e sim um gesto de respeito à individualidade em formação.
Embora o respeito à privacidade seja essencial, isso não exclui a necessidade de supervisão. Afinal, o cérebro dos adolescentes ainda está em desenvolvimento, o que pode levar a decisões impulsivas, sem considerar consequências.
A chave está na forma de acompanhar: em vez de fiscalizar rigidamente, o ideal é criar uma rotina de presença e abertura. Isso inclui acordos claros sobre horários, locais frequentados, uso de dispositivos e conteúdo acessado online.
Construir um relacionamento de confiança é o maior ativo na educação digital dos filhos e netos. Quando os adolescentes sabem que podem contar com os pais sem medo de julgamento, ficam mais propensos a compartilhar problemas, dúvidas e situações delicadas.
Confiar também significa permitir que o jovem tome pequenas decisões e aprenda com os próprios erros. Da mesma forma, é fundamental que ele confie que os pais respeitarão seus limites e não violarão sua privacidade sem motivo.
Em casos pontuais, como quando o jovem mente ou desrespeita um acordo, é possível aplicar consequências educativas, como restrição temporária do uso da internet ou suspensão de atividades sociais. Em situações mais graves ou recorrentes, o ideal é renegociar os termos da convivência, propor formas práticas de reconquistar a confiança e deixar claro que o vínculo familiar permanece firme, apesar das decepções.
Da mesma forma, pais e avós que ultrapassam os limites da privacidade deles, como ler conversas sem permissão ou invadir contas pessoais, devem assumir o erro. Pedir desculpas mostra maturidade e reforça o valor do respeito mútuo.
Para manter o equilíbrio entre proteção e privacidade, algumas atitudes simples são eficazes:
Além disso, manter-se próximo da escola, conhecer os amigos do filho e acompanhar seu humor e comportamento são formas indiretas de monitorar sem invadir.
A segurança digital de crianças e adolescentes não depende apenas de filtros e senhas. Ela se constrói diariamente, com base na empatia, no diálogo e na confiança. Pais que escutam, acolhem e respeitam estão mais preparados para orientar seus filhos e netos diante dos desafios do mundo virtual, e do real também.
As informações foram retiradas de pesquisas como Adolescent perceptions of parental privacy invasion and adolescent secrecy (Percepções de adolescentes sobre invasão de privacidade parental e sigilo na adolescência) e Examining Parental Monitoring, Neighborhood Peer Anti-social Behavior, and Neighborhood (Examinando o monitoramento parental, o comportamento antissocial dos colegas da vizinhança), divulgadas pelo portal Raising Children Network.
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