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Publicado em 18/05/2025, às 08h00 - Atualizado às 08h10
São Paulo, 18/05/2025 - Pessoas ao redor do mundo estão vivendo cada vez mais, mas não necessariamente com mais saúde. Segundo uma pesquisa da Mayo Clinic, por exemplo, a expectativa de vida, ou longevidade, aumentou de 79,2 para 80,7 anos nas mulheres e de 74,1 para 76,3 anos nos homens entre os anos de 2000 e 2019, considerando estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No entanto, o número de anos que essas pessoas estavam vivendo de forma saudável não aumentou de forma correspondente. A diferença média global entre a expectativa de vida e a expectativa de saúde era de 9,6 anos em 2019, o último ano de estatísticas disponíveis. Isso representa um aumento de 13% desde o ano 2000.
A expectativa de saúde descreve o número de anos que uma pessoa vive de forma saudável, ativa e livre de doenças e de restrições físicas ou cognitivas.
O estudo considerou dados de 183 países e foi publicado no final de 2024 no periódico JAMA Network Open.
"Os dados mostram que os ganhos em longevidade não acompanham os avanços equivalentes a uma longevidade saudável. Muitas vezes, envelhecer significa mais anos de vida sobrecarregados com doenças", explicou André Terzic, autor sênior do artigo.
"Esta pesquisa possui importantes implicações práticas e políticas, chamando a atenção para uma ameaça crescente à qualidade da longevidade e à necessidade de se reduzir a diferença entre a expectativa de saúde e a expectativa de vida”, completou.
Os Estados Unidos registraram a maior diferença média entre a expectativa de vida e a expectativa de saúde do mundo, com os americanos vivendo, em média, 12,4 anos com alguma incapacidade ou doença.
Já no Brasil, a diferença média entre a expectativa de vida e a expectativa de saúde no Brasil é de 10,5 anos. A saúde mental, os transtornos relacionados ao uso de substâncias e as condições musculoesqueléticas foram os principais contribuintes para o adoecimento a nível nacional.
Além disso, o estudo constatou uma diferença de 25% entre homens e mulheres a nível mundial. Nos 183 países pesquisados, as mulheres vivenciaram uma diferença de 2,4 anos a mais entre a expectativa de vida e a expectativa de saúde do que os homens. Transtornos neurológicos, musculoesqueléticos, urinários e do trato genital contribuíram para o aumento dos anos de saúde precária entre as mulheres.
Em entrevista ao Broadcast/Viva, a fisiologista e gerontóloga Milena Varella disse que a chave para viver com mais saúde está na busca de um estilo de vida ativo. “A prática regular de exercícios pode aumentar em até quatro anos a expectativa de vida e reduzir pela metade o risco de doenças degenerativas”, pontua.
“Temos hoje um modelo biomédico curativo, que não necessariamente previne as perdas funcionais. Com isso, vemos a fragmentação dos cuidados e a falta de integração de saúde física, mental e social, que seriam ideais para a longevidade com saúde”.
As pesquisas identificam alguns comportamentos comuns entre os indivíduos que envelhecem com saúde, como a prática de atividade física moderada diariamente e o foco na mobilidade.
“Idosos que andam bastante ou andam de bicicleta, por exemplo, são favorecidos”, disse. Pessoas que buscam alimentação baseada em plantas, conexão social intensa, gestão de carga de estresse e busca de propósito também se beneficiam de uma longevidade mais saudável, completou.
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