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Publicado em 11/11/2025, às 12h31
São Paulo, 10/11/2025 – Um levantamento realizado pela Ipsos-Ipec revelou que metade dos brasileiros que consome bebida alcoólica não verifica a procedência do produto. A pesquisa buscou mapear a percepção da população sobre a situação das bebidas alcoólicas adulteradas no país.
O estudo ouviu 2 mil pessoas em 132 municípios entre os dias 24 e 28 de outubro de 2025. Dentre os entrevistados, 43% consomem bebida alcoólica; contudo, grande parte não verifica a procedência no momento da compra, seja pela checagem do selo, rótulo, registro ou lacre.
A falta de preocupação entre os consumidores não decorre da ausência de informação sobre o tema. Praticamente a totalidade dos brasileiros (94%) tomou conhecimento dos casos de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol -- os primeiros registros ocorreram em setembro, em São Paulo e Pernambuco; no final de outubro, o País contabilizou 53 casos confirmados de intoxicação e 10 mortes.
Entre os consumidores de bebidas alcoólicas, 44% afirmaram não ter mudado o comportamento de consumo. Esse porcentual aumenta para 55% entre aqueles com idade entre 45 e 59 anos.
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A diretora da Ipsos-Ipec, Márcia Cavallari, avalia que a pesquisa revela um amplo conhecimento sobre os casos de intoxicação, mas também um descompasso entre a preocupação com o consumo de bebidas alcoólicas e a baixa verificação da procedência no ponto de venda.
“Existe espaço para campanhas de orientação prática, para o reforço da fiscalização ao longo da cadeia e para a implementação de medidas que ajudem a garantir o consumo seguro”, observa.
O médico toxicologista e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), Álvaro Pulchinelli, ressalta que ainda é preciso manter o cuidado, independentemente do aumento no número de casos.
Pulchinelli destaca a importância de conhecer o local onde a bebida será consumida e sua reputação. No caso da compra, recomenda procurar lojas especializadas e grandes redes de supermercados, que costumam oferecer produtos de qualidade e procedência garantida.
Apesar da pouca preocupação com a procedência entre os consumidores de bebida alcoólica, a pesquisa mostra que o índice de preocupação geral é alto: 67% dos brasileiros dizem estar preocupados ou muito preocupados com o risco de que eles próprios, familiares ou amigos consumam bebida adulterada com metanol.
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A pesquisa mostra ainda que, entre aqueles que bebem e adotam alguma precaução, a principal medida é deixar de consumir bebidas destiladas e passar a consumir apenas cerveja, com 17% de adesão. Alguns optaram por suspender temporariamente o consumo de qualquer tipo de bebida alcoólica (14%).
Pulchinelli explica que sintomas prolongados de ressaca são os primeiros sinais de alerta, principalmente após 12 horas do consumo. Ele lembra que os efeitos do metanol atingem igualmente pessoas de todas as idades, motivo pelo qual a atenção deve ser constante.
“Ressaca, náusea, vômito e dor de cabeça mais prolongados são os primeiros sinais para procurar um médico. Outros sintomas podem surgir posteriormente, como aumento da frequência cardíaca e respiratória”, alerta.
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