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Por Estadão Conteúdo
redacao@viva.com.brSão Paulo - 09/08/2025 -- O apresentador Faustão foi submetido a um transplante de fígado e a um retransplante de rim na última semana após novas complicações de saúde, conforme informou o Einstein Hospital Israelita, onde ele está internado desde maio.
Mas em quais casos um retransplante é necessário? E quais os cuidados e riscos desse tipo de procedimento?
Um retransplante é feito quando há necessidade de substituir um órgão previamente transplantado que parou de funcionar de forma irreversível. No caso do rim, isso significa que o primeiro órgão doado deixou de filtrar adequadamente o sangue.
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De acordo com Luís Edmundo da Fonseca, hepatologista do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, entre as causas que podem levar à perda de função do rim transplantado estão rejeição do primeiro órgão recebido pelo paciente, efeito tóxico de medicamentos imunossupressores, e o retorno da doença de base que levou à necessidade do primeiro transplante.
"Isso pode acontecer precocemente, logo após o primeiro transplante, ou tardiamente, geralmente porque a doença original recidivou. O rim também é mais sensivel do que o fígado, por exemplo, às medicações imunossupressoras que o paciente têm que tomar para evitar a rejeição. Essas medicações podem comprometer a função renal", explica o especialista.
Faustão passou por um transplante de coração em agosto de 2023 e recebeu um novo rim meses depois, em fevereiro de 2024. Apesar de as duas cirurgias terem sido bem sucedidas, o organismo do apresentador passou a rejeitar o novo rim pouco tempo depois do transplante. Com isso, Faustão começou a fazer sessões de hemodiálise semanalmente.
Fonseca explica que condições agudas como a sepse (uma infecção generalizada e grave) também podem comprometer temporariamente ou de forma definitiva a função renal, mesmo em pessoas que nunca passaram por um transplante. De acordo com o Einstein, Faustão foi internado em 21 de maio devido a uma infecção bacteriana aguda com sepse.
"O rim é um dos órgãos mais afetados na ocorrência de uma sepse. Ele pode entrar numa insuficiência renal temporária ou irreversível", explica o médico.
O rim transplantado, quando não sofre rejeição ou complicações, pode durar décadas sem a necessidade de retransplante, mas isso vai depender de fatores como a idade do doador e do receptor e as condições clínicas do paciente que recebeu o órgão.
"O rim é um órgao que envelhece, diferentemente do fígado, que resiste mais ao tempo. Tanto é que, quando a gente faz transplante de fígado, a gente não se preocupa com a idade do doador. Quando a doação é de rim, eu preciso me preocupar com a idade do doador porque se for o rim de um idoso, por exemplo, ele terá menor tempo de duração", diz Fonseca.
Os cuidados após um retransplante são similares aos da primeira cirurgia, com especial atenção a terapias que possam reduzir o risco de uma rejeição. As taxas de sucesso são levemente menores num segundo transplante, mas, ainda assim, o procedimento pode ter um resultado melhor do que manter o paciente em diálise.
Fonseca explica que não é incomum que o paciente passe por transplante de fígado e rim ao mesmo tempo. No caso do Faustão, a primeira cirurgia foi feita no último dia 6 e o retransplante, no dia seguinte.
Quanto às principais causas que levam ao transplante de fígado, o hepatologista cita as hepatites crônicas B e C, o consumo excessivo de álcool e a doença hepática gordurosa. Esta última, associada à epidemia global de obesidade, está se tornando a principal indicação de transplante, de acordo com o médico. Casos agudos, como falência hepática induzida por medicamentos, também são relevantes.
O paciente pode precisar de um transplante simultâneo de fígado e rim geralmente no caso de doenças crônicas que comprometem os dois órgãos, como o diabetes.
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