O que são alimentos funcionais e como consumir de maneira adequada

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Especialistas alertam que é necessário evitar produtos ultraprocessados mascarados de funcionais e explicam como escolher da maneira correta - Envato
Especialistas alertam que é necessário evitar produtos ultraprocessados mascarados de funcionais e explicam como escolher da maneira correta
Por Bianca Bibiano [email protected]

Publicado em 05/07/2025, às 09h13

São Paulo, 05/07/2025 - Alimentos funcionais têm ganhado espaço nas discussões sobre saúde e alimentação, mas ainda geram dúvidas entre os consumidores. Afinal, o que exatamente são esses alimentos, como diferenciá-los de produtos ultraprocessados e qual é a melhor forma de incluí-los na rotina, especialmente entre pessoas idosas?

Para esclarecer essas e outras questões, conversamos com os especialistas Andrea Emanuela Chaud Hallvass, coordenadora do curso de Nutrição da UniCesumar, e Daniel Magnoni, nutrólogo da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, que explicam os principais pontos de atenção na hora de escolher e consumir esse tipo de produto. Confira:

O que são alimentos funcionais?

Os alimentos funcionais são aqueles que vão além das funções nutricionais básicas, como fornecer energia e nutrientes essenciais. Eles também oferecem benefícios adicionais à saúde e podem ajudar na prevenção e no tratamento de doenças.

"Um alimento funcional é aquele que, além de nutrir, também atua como um ‘medicamento’, pois contém componentes com função terapêutica, os chamados nutracêuticos", explica o nutrólogo Daniel Magnoni. Ele cita como exemplos a maçã, rica em fibras solúveis, e o azeite de oliva, fonte de gorduras monoinsaturadas e antioxidantes.

A nutricionista Andrea Hallvass complementa: "São diferentes de suplementos alimentares, pois fazem parte da alimentação diária e não são consumidos em doses isoladas". A aveia, por exemplo, é considerada um alimento funcional porque contém betaglucana, uma fibra solúvel que contribui para a redução do colesterol LDL. Ela diz que, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), esses alimentos devem fazer parte da dieta habitual e apresentar efeitos fisiológicos ou metabólicos comprovados cientificamente.

Não confunda com ultraprocessados e produtos 'fit'

Apesar das embalagens chamativas e apelos saudáveis, nem todo produto vendido como "fit" ou "rico em nutrientes" é, de fato, um alimento funcional. "Ultraprocessados e alimentos funcionais são classificações diferentes. Embora alguns ultraprocessados contenham nutrientes, geralmente apresentam grande quantidade de conservantes, acidulantes e aromatizantes", alerta Magnoni.

Hallvass ressalta a importância da leitura atenta dos rótulos e alerta que drinks funcionais, com sucos com vitaminas, colágeno, cafeína nem sempre são considerados funcionais. "Se os compostos tiverem comprovação científica e forem consumidos com regularidade, podem ser considerados alimentos funcionais. Porém, muitos são ultraprocessados, com aditivos e marketing saudável de pouco efeito real. Fique de olho no rótulo", alerta.

A nuricionista também faz distinções claras:

  • Gominhas de vitaminas ou colágeno não são alimentos, mas suplementos.
  • Iogurtes com probióticos podem ser funcionais, mas apenas se tiverem a quantidade e o tipo corretos de microrganismos, e não estiverem mascarados por excesso de açúcar e aditivos.
  • Produto 'fit' é um termo comercial, sem regulação oficial. Geralmente indica produtos com menos açúcar ou gordura.

Funcionais são importantes para idosos?

O envelhecimento traz mudanças fisiológicas que impactam a nutrição, como menor absorção de nutrientes, alterações na microbiota intestinal, perda de massa muscular e problemas digestivos. Nesse contexto, os alimentos funcionais podem ser aliados valiosos. "Alimentos funcionais ajudam a prevenir o envelhecimento precoce, reduzir a oxidação celular, controlar o colesterol e a glicemia", aponta Magnoni. 

Hallvass também fala sobre os cuidados na escolha. "Prefira alimentos minimamente processados, com poucos ingredientes artificiais, e verifique se a pessoa idosa tem restrições médicas ou dificuldades de mastigação. Alimentos ricos em fibras, por exemplo, podem precisar ser cozidos ou triturados".

Além disso, ela destaca que o sabor e a aceitação do alimento também importam: "Funcional não precisa ser ruim, se o alimento não for agradável, o idoso não vai consumir com regularidade".

Alimentos funcionais que devem ter consumo intensificado após os 60 anos

Funcional é mais caro?

Incentivar hábitos alimentares saudáveis na terceira idade exige atenção a fatores como renda, acesso a mercados e limitações físicas. Para contornar esses desafios, é necessário usar criatividade e ter planejamento. "É preciso tornar os alimentos mais saborosos, coloridos e atraentes, já que os idosos costumam ter redução na percepção de sabor", explica Magnoni. 

Já Hallvass reforça a importância de adaptar a alimentação à realidade econômica. "Nem todos os alimentos saudáveis são caros. Alimentos locais e da estação são mais baratos e nutritivos. É possível comprar em feiras no fim do expediente, planejar cardápios e até criar hortas em casa". Ela também sugere estratégias como preparar porções pequenas e congelar, além de reaproveitar sobras e partes não convencionais dos alimentos (cascas, talos) em preparações como sopas e bolinhos.

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