Problemas respiratórios no inverno: especialistas explicam como se proteger

Envato

Idosos e crianças são os grupos mais suscetíveis às doenças de inverno devido à fragilidade do sistema imunológico - Envato
Idosos e crianças são os grupos mais suscetíveis às doenças de inverno devido à fragilidade do sistema imunológico
Por Bianca Bibiano [email protected]

Publicado em 25/06/2025, às 08h00

São Paulo, 25/06/2025 - A passagem de uma frente fria causada pela massa polar que atinge o País nesta semana, combinada com o ar seco e o maior tempo em ambientes fechados, cria um cenário propício para a proliferação de doenças respiratórias, tanto alérgicas quanto infecciosas.

De acordo com o boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) dia 23, já foram confirmados 52.853 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), causada por vírus como Influenza, Sars-cov 2, rinovírus, vírus sincicial respiratório e outros.

O clínico geral da rede de hospitais São Camilo de São Paulo, Thiago Piccirillo, explica que as baixas temperaturas, a falta de luz natural e a umidade baixa podem causar problemas respiratórios, aumentar a probabilidade de doenças e afetar a resistência ao estresse. “A exposição ao ar frio e seco tende a irritar as mucosas do sistema respiratório, tornando-as mais vulneráveis à entrada de vírus e bactérias. Além dos fatores climáticos, alguns comportamentos comuns no inverno também contribuem para a disseminação de doenças respiratórias”, comenta.

Segundo o especialista, o relaxamento com medidas de higiene, como a menor frequência na lavagem das mãos e no uso de álcool em gel, aumenta o risco de contaminação. A baixa procura por vacinas, especialmente a da gripe, deixa a população mais suscetível a doenças, reforça.

“Idosos e crianças são os grupos mais suscetíveis às doenças de inverno devido à fragilidade do sistema imunológico. Em idosos, doenças crônicas como diabetes, cardiopatias, doenças renais e câncer podem comprometer mais as defesas naturais do organismo, elevando o risco de infecções. Já em crianças, condições respiratórias crônicas, como a asma, aumentam a probabilidade de complicações em caso de infecções respiratórias”.

Principais alergias respiratórias do inverno

Segundo dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), 30% da população brasileira apresenta alguma alergia respiratória, sendo a rinite alérgica, a asma e as dermatites as mais frequentes. Além do desconforto físico, estas condições são responsáveis por milhares de internações anuais pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Marconi Augusto Aguiar dos Reis, pneumologista e professor do centro universitário UniBH, diz que as alergias são reações de hipersensibilidade que envolvem a participação de células do sistema imunitário. Entre os tipos, ele menciona alergias que atingem indivíduos atópicos (como aqueles que têm asma), além de dermatite atópica, rinite alérgica e conjuntivite alérgica.

"Existe ainda dermatite por contato, urticária, angioedema, alergias alimentares e até mesmo formas graves, como a anafilaxia, que pode levar o indivíduo à morte se não for tratada rapidamente", alerta.

Nesse sentido, a transmissão de doenças virais respiratórias no outono e e inverno pode causar a exacerbação de quadros atópicos. "As pessoas tendem a se aglomerarem em espaços fechados, facilitando a transmissão desses vírus e se expondo mais aos alérgenos ambientais, como poeira, que contém ácaros, mofo, entre outros", observa.

Outro fator que contribui para as alergias respiratórias durante esses períodos é o tempo seco que caracteriza a estação no Brasil, favorecendo o acúmulo de alérgenos e patógenos no sistema respiratório.

Quais são os sintomas de alergias respiratórias?

Os principais sintomas são:

  • tosse seca persistente, com piora à noite e nas primeiras horas da manhã
  • coriza ou nariz escorrendo
  • espirros
  • olhos vermelhos
  • prurido ou coceira nos olhos e nariz
  • manchas na pele.

"O paciente pode apresentar sintomas de gravidade, como falta de ar, esforço para respirar, chiado no peito, edema ou inchaço, sendo necessária avaliação médica de urgência nessas situações", diz Reis.

As atopias não têm cura, mas sim controle. "O importante é o paciente ter um profissional que o acompanhe, entendendo que são doenças crônicas que apresentam períodos de exacerbação e o tratamento precisa ser sempre individualizado e ajustado de acordo com a fase da doença", aponta o médico.

Além de medidas farmacológicas, o tratamento das doenças alérgicas respiratórias envolve controle ambiental, com eliminação de mofo, poeira, tapetes, cortinas, pelúcias e contato com tabaco, mesmo que passivo. 

"Essas são medidas muito efetivas que, juntamente com tratamento medicamentoso, auxiliam na remissão dos sintomas. O uso de umidificadores ou desumidificadores está contraindicado, pois podem criar ambientes propícios ao crescimento de ácaros ou secos o suficiente para diminuir a proteção das vias aéreas. O ideal é realizar a lavagem nasal frequente com soro fisiológico", pondera o médico.

O cuidado da asma em idosos

No caso da asma, o paciente pode evoluir com insuficiência respiratória se não recebe o tratamento correto. Por isso, o inverno traz uma série de desafios, como a piora dos sintomas e uma frequência aumentada de crises devido à maior exposição a esses fatores desencadeantes.

O Ministério da Saúde define a asma como uma condição de inflamação dos brônquios, que provoca sintomas como dificuldade para respirar, chiado no peito, aperto e respiração acelerada. Esses sintomas costumam piorar durante a noite, nas primeiras horas da manhã e diante de fatores como exercícios físicos, exposição a alérgenos, poluição e variações climáticas.

Em paralelo, mudanças climáticas e infecções virais, especialmente aquelas causadas por vírus respiratórios como o sincicial e o rinovírus, também podem agravar o quadro asmático. Por fim, fatores genéticos, como histórico familiar de asma ou rinite, e condições como a obesidade, aumentam a predisposição para crises, pois o excesso de peso contribui para processos inflamatórios que dificultam a respiração.

Segundo o pneumologista Elie Fiss, do Alta Diagnósticos, marca da empresa de medicina diagnóstica Dasa, a inovação no tratamento da asma grave tem avançado com abordagens cada vez mais eficazes e direcionadas a esses casos. "Os cuidados com a asma concentram-se em tratar a inflamação, fazer a broncodilatação e prevenir infecções. Muitas vezes, o tratamento inicial envolve broncodilatadores de longa duração com corticoide inalatório", afirma o pneumologista.

Fiss explica ainda que essa doença crônica que pode se manifestar em qualquer fase da vida, podendo começar até na velhice, e que o tratamento em idosos não difere do indicado nas demais faixas etárias. O mais importante, alerta, é o uso da medicação continuamente.

"Como a asma é a inflação crônica dos pulmões, o tratamento também é feito de forma contínua. Ele é similar em todas as idades, apenas diferenciado a gravidade da asma, de leve a grave, com uso de remédios à base de corticoides inalatórios, broncodilatadores, e alguns biológicos nos casos mais graves".

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias