São Paulo, 08/07/2025 - A computação em nuvem do Brasil roda em sua maioria fora do País. Se houvesse uma "repatriação" dos dados para
data centers em solo nacional, haveria uma demanda de 150% a mais de capacidade instalada de centros de dados, na avaliação de Marcos Paraiso, vice-presidente de desenvolvimento e negócios da Modular Data Centers. "São cerca de 60% dos armazéns de dados nos Estados Unidos, porque os custos lá são mais baixos", afirma o executivo.
Quando uma empresa de qualquer setor vai montar sua operação em nuvem, avalia o que precisa estar localizado em centros locais, por questão de latência ou
regulatória. Mas quando a questão é custo, a preferência é pelo exterior, aponta Paraiso. "A questão da segurança jurídica e do 'Custo Brasil' são pontos que são considerados."
O Brasil vive a expectativa de ampliar sua infraestrutura de data centers, inclusive com impulso estatal com uma política nacional para o segmento. A medida provisória para desonerar os data centers no Brasil - uma renúncia de 52% em impostos - aguarda para ser enviada pela Casa Civil ao Congresso, segundo o assessor especial do Ministério da Fazenda, Igor Marchesini.
A isenção é um incentivo, aponta Paraiso, mas os grandes operadores do setor também necessitam de segurança jurídica para pensar em trazer seus polos de computação para cá.
Ele enxerga que o Brasil está em posição de ser um provedor global de infraestrutura de tecnologia para computação em nuvem e desenvolvimento de inteligência artificial. "Temos pessoas capacitadas, temos a matriz energética mais limpa do G20 e rede unificada de transmissão de energia." Para ele, a janela de oportunidade para o País se tornar um polo global é de três a cinco anos, já que outras nações também estão se movimentando para atrair empresas. O G20 é o bloco que reúne as 20 maiores economias do mundo.
Os Estados Unidos já trabalham em novas linhas de transmissão de energia pelo país, além de estar em busca de soluções de geração distribuída com energia nuclear. "Isto pode transformar o jogo e colocar o Brasil em uma posição ruim. Mas isto não está pronto ainda."
Para Paraiso, se de fato conseguir atrair grandes nomes do setor, o Brasil pode ter problemas para expandir a sua capacidade de construção de novos espaços em curto prazo. Olhando isso, a Modular atua com a montagem de parte das estruturas em ambiente controlado. "Nossa tese é que, ao industrializar a construção, utilizando ambientes controlados, conseguimos gastar menos recursos e ter mais velocidade. Hoje, levamos 60% do tempo de uma construção convencional."
Globalmente, a capacidade instalada dos data centers cresceu 10% todos os anos desde 2010. "Com a inteligência artificial, a nova demanda para capacidade basicamente triplica", diz Paraiso. A Modular faz a infraestrutura com as conexões elétricas, a conexão da internet e as tubulações para refrigeração. Os racks com os processadores são das empresas que contratam os projetos. "Fazemos as salas com as exigências dos contratantes. São locais com alto nível de segurança. Depois que entregamos, não podemos mais entrar", afirma.
A empresa trabalha com a instalação em fases, então um data center pode ser ampliado ou reduzido com agilidade. "Isto é importante porque os racks de processadores estão cada vez menores."