Quase metade dos brasileiros desinstala app no mesmo dia que baixa

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Baixar um aplicativo já foi sinônimo de curiosidade e possível fidelidade - Foto: Envato Elements
Baixar um aplicativo já foi sinônimo de curiosidade e possível fidelidade

Por Beatriz Duranzi

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Publicado em 04/07/2025, às 08h00

São Paulo, 04/07/2025 - Baixar um aplicativo é fácil, mas muita gente se arrepende em seguida. Praticamente metade dos usuários brasileiros excluem apps nas primeiras 24 horas após o download. Esse comportamento, que supera a média global, aponta para um consumidor cada vez mais exigente, intolerante a frustrações e ávido por experiências imediatas. 

Uma pesquisa da AppsFlyer aponta que 49% dos brasileiros desinstalam um aplicativo nas primeiras 24 horas após o download. É um número expressivo, e acima da média global, que é de 43%. Os motivos? 

Para, André Sales, diretor de marketing (CMO) da Appreach, esses dados são um sinal claro de que os usuários não estão apenas testando apps, estão avaliando sua relevância e usabilidade. “A exclusão de um app é uma resposta emocional. O clique em ‘desinstalar’ é a forma mais direta de expressar insatisfação”, afirma.

O tempo médio de retenção de um app por aqui é de 5,5 dias, segundo dados da Adjust citados por ele, enquanto a retenção no sétimo dia no Brasil é de apenas 8%, contra 14% nos Estados Unidos e 13% na Alemanha. Ou seja: o brasileiro experimenta muito, mas dificilmente se compromete.

Enquanto mercados mais maduros tendem a desinstalar aplicativos por preocupações com privacidade, custos ou valor a longo prazo, por aqui a decisão é mais imediatista, baseada em fatores técnicos e performance percebida no uso inicial.

Onde as marcas estão errando?

De acordo com Sales, muitas empresas ainda cometem um erro clássico: concentram todos os esforços na aquisição de usuários e esquecem da jornada que começa depois do download.

“Não adianta investir pesado em mídia e CPI (custo por instalação) se o app trava, o onboarding é confuso ou os pushs são invasivos. O pós-download é o momento da verdade, é ali que o usuário decide se vale a pena ficar”, explica.

O executivo destaca ainda que métricas como LTV (lifetime value), churn (desconexão) e engajamento real deveriam ganhar mais atenção. “Um usuário retido vale muito mais do que dez usuários desinstalando no dia seguinte”, resume.

A seguir, as recomendações da Appreach para empresas que oferecem aplicativos:

  • Onboarding claro e direto: o primeiro uso precisa ser rápido, intuitivo e mostrar de imediato o valor do app.
  • Interface limpa e leve: design desorganizado, menus confusos e consumo excessivo de bateria são desestimulantes.
  • Personalização e relevância: notificações e sugestões devem respeitar o perfil e o timing do usuário.
  • Atualizações constantes com base em feedback: tratar o app como um produto vivo, em evolução, e não uma solução fechada.

“O app precisa ser um canal de relacionamento, não apenas uma vitrine digital. Quem não entrega valor logo de cara, perde o usuário, e ele provavelmente não volta”, conclui André Sales.

O consumidor brasileiro não está mais disposto a dar segundas chances. Em um mercado competitivo e volátil, reter passou a ser mais importante do que conquistar. E essa mudança de mentalidade exige uma nova forma de pensar o marketing mobile, menos sobre quantidade e mais sobre qualidade.

No fim das contas, a exclusão de um aplicativo pode parecer apenas um gesto técnico. Mas, na verdade, é uma crítica silenciosa à experiência que ele ofereceu.

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