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A empregabilidade está em declínio no mundo todo, afirma especialista

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Especialista diz que a volatilidade caracteriza o novo mundo do trabalho e deve levar profissionais a construir as próprias carreiras e depender menos de empregos formais - Adobe Stock
Especialista diz que a volatilidade caracteriza o novo mundo do trabalho e deve levar profissionais a construir as próprias carreiras e depender menos de empregos formais
Claudio Marques
Por Claudio Marques claudio.marques@viva.com.br

Publicado em 13/11/2025, às 08h28

São Paulo, 10/11/2025 - A empregabilidade está em declínio no mundo todo, opina o especialista na construção de carreiras e autor do livro "Global Workers - Escolha seu Melhor Futuro" (Editora Gente), Gustavo Sèngès. Ele acredita que cada vez mais os profissionais terão que construir suas próprias carreiras e depender menos de empregos formais, o que implica em ter mais autonomia, pondo foco em competências e experiências.

É a trabalhabilidade avançando em relação à empregabilidade – aquele modelo em que se constrói toda uma carreira em uma ou poucas empresas. E o avanço tecnológico tem um papel importante nessa transformação.

Leia também: Trabalhabilidade: saiba o que significa e como pode afetar a busca por emprego

Nesta entrevista, Sèngès fala das implicações desse cenário de volatilidade no mercado de trabalho, principalmente em relação aos profissionais qualificados, mas sem se furtar a uma opinião sobre aqueles menos especializados. A seguir, os principais trechos da conversa:

Quanto tempo as pessoas ficam no emprego?

Eu tenho muito contato com profissionais de qualquer lugar do mundo. E você vê que um profissional de 30 anos ou menos não dura mais do que um ano e meio, dois, numa empresa. E quando se encontra alguém com 35 anos e está há 10 anos em uma empresa, é uma exceção. Em relação aos profissionais mais qualificados, existe uma expressão que eu defendo, que é carreira portfólio. Você não pode ver mais a sua carreira como um emprego só. Você tem que diluir o seu risco.

Trabalhabilidade é um caminho sem volta. Podemos nos assustar e nos encolhermos, ou podemos ajudar a construir o futuro que nos interessa.

Não dá medo da IA substituir empregos?

O profissional mais qualificado tem mais poder de mudança e de tomar as rédeas da carreira dele. E deve fazer isso. A mão de obra menos especializada sofre e vai sofrer mais com isso, com a chegada da inteligência artificial, com a volatilidade dos empregos. Isso é evidente.

Qual é o efeito disso? É para morrer de medo, se preocupar? Se assustar, talvez, dependendo de onde você está na pirâmide profissional.

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Gustavo Sèngès defende que não se pode ver mais a sua carreira como um emprego só. Foto: Divulgação

Não dá para ficarmos com medo e paralisados. Porque esse cenário é um fato, é mundial. Existe a inteligência artificial e as organizações estão mudando muito rápido.

As posições também se transformam. A pessoa se tornava gerente de suprimento e essa sua posição estava garantida.

Hoje, de uma hora para outra, a linha inteira de gerentes de suprimento pode mudar. E é assim que está acontecendo. Então, essas transformações, que surgem em decorrência de tecnologia e de mudanças organizacionais, são muito rápidas.

Eu acho que mais do que nos amedrontarmos, temos que nos fortalecer. Saber como lidar com esse novo mundo do trabalho.

Como se preparar?

A primeira primeira coisa é o que já é uma expressão batida: o lifelong learning, estar sempre aprendendo, aprimorando as habilidades. Estamos indo rumo a um mundo onde habilidades vão ser cada vez mais importantes.

Então, como se preparar? Desenvolvendo habilidades, tendo experiências. Mesmo quem não é qualificado, tem que buscar também algum tipo de conhecimento. Mesmo nessa posição, ele precisa também de mais conhecimento. E precisa ter uma postura proativa.

Quais habilidades desenvolver?

É preciso desenvolver habilidades técnicas e comportamentais. As técnicas dizem respeito à formação que cada um busca. A faculdade ajuda muito, mas ela só não basta. Você tem que ter experiência de mercado. Então, é conhecer bem a sua área, saber idiomas, cada vez mais o bom e velho inglês, precisa ser desenvolvido. O inglês é a linguagem universal do business. Está nas corporações. Para quem já domina o inglês, é interessante ter um terceiro idioma. Qual? Espanhol.

É muito importante o Brasil conseguir conversar com os vizinhos da América Latina. Muitas oportunidades profissionais são da região.

E as habilidades comportamentais?

Elas são super importantes. Uma delas é ter mentalidade global. Se você quiser trabalhar com profissionais de diferentes culturas, tem que aprender como navegar em diferentes culturas. E se pesquisarmos hoje quais são as soft skills mais mencionadas, são raciocínio lógico, criatividade. Mas uma outra habilidade que eu acho super importante é a autonomia. Ou seja, temos que saber construir as nossas próprias carreiras, depender menos de cursos que a empresa vai pagar ou das decisões da empresa.

Um outro ponto, é a comunicação clara. Saber se comunicar pressupõe escuta. Então, para se ter uma comunicação profissional clara, é preciso ouvir antes o outro.

E o conceito de adaptabilidade?

A palavra da moda é adaptabilidade, mas eu prefiro antecipação. Porque se você se adapta, se adapta a uma mudança que já ocorreu, mas se você se antecipa, você consegue ser o motor dessa futura transformação.

Sendo curioso, sendo uma pessoa interessada, lendo, não só mídia social, mas também livros, é ser interessado profissionalmente. Construir sua carreira como uma pessoa interessada e não esperando que alguém lhe diga o que vai acontecer, qual é a profissão do futuro. Não, decida você, construa o seu rumo.

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Qual o futuro para os 50+?

Se pensarmos no aumento enorme na expectativa de vida, já se fala nas pessoas chegando aos 90 anos. Mas vamos pensar em uma média de 90 a 100 anos. Poxa, 50 anos são metade disso. O sistema não vai aguentar aposentar ou excluir do mercado pessoas nessa idade. Vamos trabalhar muito mais. E mais uma vez, voltando ao tema inicial, cada vez mais é necessário sabermos nos desenvolvermos com autonomia e construir essa carreira portfólio para não depender de um emprego só.

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