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Apenas 35,9% dos trabalhadores por app contribuem para previdência, diz IBGE

Rovena Rosa/Agência Brasil

A categoria também se revelou fortemente marcada pela informalidade e pela ausência de qualquer proteção social - Rovena Rosa/Agência Brasil
A categoria também se revelou fortemente marcada pela informalidade e pela ausência de qualquer proteção social

Por Daniela Amorim, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 17/10/2025, às 12h08

Rio, 17/10/2025 - Dos 1,65 milhão de pessoas trabalhando através de aplicativos e plataformas digitais no ano passado, somente 35,9% contribuíam com a previdência social, porcentual que subia a 61,9% entre os não plataformizados.

Os dados são do módulo Trabalho por meio de plataformas digitais - 2024, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE.

A categoria também se revelou fortemente marcada pela informalidade e pela ausência de qualquer proteção social. Em 2024, 71,1% dos trabalhadores plataformizados estavam na informalidade, fatia que descia a 43,8% entre os trabalhadores não plataformizados.

Entre os condutores de automóveis por aplicativo, apenas 25,7% recolhiam contribuição para institutos de previdência, contra uma fatia de 56,2% entre os que não trabalhavam via aplicativos. No caso dos motociclistas, 21,6% dos que trabalhavam por aplicativo contribuíam para institutos de previdência, ante uma proporção de 36,3% entre os que não usavam aplicativo no trabalho.

"As plataformas digitais de trabalho, de um lado, têm oferecido oportunidades de geração de renda para muitos trabalhadores, por outro lado, elas também representam um importante desafio, especialmente no que se refere às condições de trabalho", frisou o IBGE.

Leia também: Motoristas de aplicativo 50+ se preocupam mais com aposentadoria do que jovens

O Brasil tinha 1,65 milhão de pessoas trabalhando através de aplicativos e plataformas digitais em 2024, a maioria delas motoristas e entregadores. O resultado representa um aumento de 25,4% em relação à 2022, quando havia 1,31 milhão de pessoas trabalhando a partir de aplicativos e plataformas digitais, ou seja, 335 mil ocupados a mais em dois anos.

Quanto aos diferentes tipos de aplicativos de serviços utilizados no exercício do trabalho, 53,1% atuavam através de aplicativos de transporte particular de passageiros em 2024; 29,3% via aplicativos de entrega de comida, produtos etc.; 17,8% em aplicativos de prestação de serviços gerais ou profissionais; e 13,8% via aplicativos de táxi.

Perfil dos trabalhadores

Os dados sobre os ocupados plataformizados mostravam uma predominância de pessoas do sexo masculino (83,9% deles eram homens, ante apenas 16,1% de mulheres). Além disso, seis em cada dez (59,3%) possuíam níveis intermediários de escolaridade, de ensino médio completo a superior incompleto. Cerca de 86,1% dos ocupados plataformizados eram trabalhadores por conta própria.

Em 2024, o Sudeste concentrou 888 mil trabalhadores atuando por aplicativos, 53,7% do total de plataformizados no País, seguido pelo Nordeste (293 mil, ou 17,7% do total nacional), Sul (200 mil ou 12,1%), Centro-Oeste (149 mil ou 9,0%) e Norte (124 mil ou 7,5% do total). Em relação a 2022, porém, destacaram-se as acentuadas expansões dessa forma de trabalho nas regiões Centro-Oeste (aumento de 58,8%) e Norte (56,0%), enquanto a menor variação foi registrada no Sudeste (17,0%).

Renda média dos plataformizados é menor do que os não plataformizados

Os trabalhadores plataformizados conseguiram uma renda mensal maior que a média dos demais ocupados no setor privado no País, mas, para isso, cumpriam jornadas consideravelmente mais extensas. Ou seja, a categoria obteve uma remuneração menor por hora trabalhada. 

Em 2024, o rendimento dos trabalhadores atuando via plataformas digitais era de R$ 2.996, 4,2% maior que o rendimento médio de R$ 2.875 obtido pelos não plataformizados. Porém, os plataformizados trabalhavam mais horas semanais para alcançar tal renda, 44,8 horas por semana, ante 39,3 horas semanais trabalhadas pelos profissionais não plataformizados.

Como consequência, os trabalhadores que atuavam por aplicativos e plataformas recebiam R$ 15,4 por hora trabalhada, um ganho 8,3% inferior ao rendimento de R$ 16,8 por hora trabalhada obtido pelos não plataformizados.

"Os trabalhadores plataformizados tinham, em média, uma jornada de trabalho habitual 5,5 horas mais extensa que a dos demais ocupados", apontou o IBGE.

Sobre o trabalho por aplicativo de entrega, os entregadores tinham rendimentos médios mais baixos: o rendimento médio dos entregadores foi de R$ 2.340 em 2024, praticamente metade dos R$ 4.615 obtidos pelas demais pessoas que também trabalhavam por meio desses aplicativos. 

Jornadas longas e controle das plataformas

Motoristas e taxistas que trabalham no transporte de passageiros por aplicativo tinham jornada semanal 12,2% mais longa do que os colegas de profissão que não usavam essas plataformas digitais em seu ofício no ano de 2024.

Já os motociclistas por aplicativo cumpriam jornada 9,4% maior do que os que não precisavam dessa ferramenta digital para exercer seu trabalho. A remuneração obtida por hora trabalhada por motociclistas por aplicativo era de R$ 10,8, enquanto a dos motoristas alcançava R$ 13,9.

"Para todos os aspectos pesquisados, os trabalhadores de aplicativos de transporte de passageiros e os entregadores em aplicativos de entrega revelaram os maiores graus de dependência em relação à plataforma", observou o IBGE.

Em 2024, 55,8% dos motoristas de aplicativos e 50,1% dos entregadores tinham a jornada influenciada por meio de incentivos, bônus ou promoções que mudam os preços; mais de 30% dessas categorias de trabalhadores também relataram ameaças de punições e bloqueios realizados pelas plataformas como influência na jornada.

Ainda assim, entre os motoristas de aplicativos, 78,5% relataram que a possibilidade de escolha de dias e horários de forma independente influencia a sua jornada de trabalho.

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