Audiência com políticos e representantes de ONGs discute fusão da Petz e Cobasi

Brasília, 17/10/2025 - Na tarde desta sexta-feira está sendo debatido no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a fusão entre duas das maiores empresas do setor de cuidados com animais de estimação: Petz e Cobasi. A audiência pública reúne representantes de ONGs, entidades de defesa animal, e deputadas federais.

Marília Lima, diretora técnica do Instituto Caramelo, manifestou sua preocupação com a fusão, argumentando que esta poderia representar um "retrocesso avassalador" no acesso democrático a insumos e cuidados para animais. Para ela, "o monopólio construído sobre essas bases não é apenas uma ameaça à concorrência. É uma sentença para os animais, para os pequenos negócios e para a sociedade que há tanto tempo luta por avanços e não por retrocessos."

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Vanessa Negrini, diretora de Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente, destacou a necessidade de o Cade considerar uma revisão cautelosa do processo, sugerindo que a operação seja acompanhada de salvaguardas essenciais. "As boas práticas individuais e a responsabilidade social dessas empresas não eliminam e não afastam o risco estrutural de uma eventual concentração de mercado dessa magnitude", afirmou Negrini. Segundo ela, tais medidas garantiriam a manutenção de preços justos e protegeriam a diversidade de fornecedores, beneficiando, assim, famílias de baixa renda.

O debate atrai a atenção de autoridades legislativas, como a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), que se posiciona contrária à fusão. Ela alerta que a concentração de mercado pode resultar em aumentos de preços, prejudicando consumidores. "Monopólio não protege, concentração de poder na mão de uma grande empresa que vai controlar quase todo o mercado de varejo de pets não vai gerar cuidado para os animais e para as famílias brasileiras," criticou Petrone.

Da mesma forma, a deputada Gisela Simona (União-MT) expressou sua preocupação em relação ao impacto negativo nas pequenas empresas locais e o possível aumento no abandono de animais. "Temos claramente o enfraquecimento do comércio local e, na causa animal, o agravamento do abandono, pois quando tutor não tem mais condições de cuidar e acaba abandonando o animal", argumentou ela.

A audiência também ouve perspectivas favoráveis, como a da Associação e Projeto Social Moradores de Rua e Seus Cães. "Acreditamos que a fusão não gera ameaça de monopólio, tampouco prejuízo à causa e ao bem-estar animal. Pelo contrário, feita com responsabilidade, vai aumentar os benefícios e a abrangência para atender todos animais", defendeu Heleana Konieczna, vice-presidente da ONG.

A reunião contará ainda com as manifestações dos executivos da Petz e Cobasi, sendo esta a primeira vez que se pronunciam publicamente no Cade sobre a fusão. A posição da Petlove, uma terceira interessada, também será apresentada.