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São Paulo, 05/10/2025 - Neste 5 de outubro, Dia do Empreendedor, o papel dos pequenos negócios ganha ainda mais destaque. Criada em 1999, pela Lei nº 9.841, a data marca a instituição do Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Brasil, que trouxe medidas para reduzir a burocracia, criar um regime tributário diferenciado e incentivar a formalização de empreendedores — fatores que impulsionaram a geração de empregos no país.
De acordo com o Mapa de Empresas, do governo federal, somente entre janeiro e agosto deste ano foram abertas mais de 3,5 milhões de empresas, das quais 3,2 milhões são microempresas e 130 mil de pequeno porte.
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O impacto desse segmento na economia é expressivo: os pequenos negócios respondem por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e por 71% dos empregos formais criados, ou seja, em alguns períodos, oito a cada dez novas vagas têm origem nesse setor, segundo o consultor de negócios do Sebrae-SP, Davi Jerônimo.
Entre janeiro e julho de 2025, as micro e pequenas empresas geraram 853,8 mil vagas com carteira assinada, conforme dados do Sebrae a partir do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Além de movimentar a economia, o setor tem forte impacto social: quase metade da população brasileira é beneficiada direta ou indiretamente por ele, seja pela inclusão econômica, pela geração de renda ou pelo fortalecimento das economias locais.
“Os pequenos negócios também estimulam o consumo, impulsionam o crescimento de setores como comércio e serviços e têm papel estratégico no desenvolvimento regional, sendo muitas vezes os principais geradores de empregos e novos empreendimentos nos municípios, como podemos destacar a figura do Microempreendedor Individual.”
A CEO da Redarbor Brasil, detentora da Catho, Ana Paula Prado, revela que somente em setembro, a Catho registou 37.640 vagas anunciadas na plataforma por empresas desse porte, representando um crescimento de 2,8% em comparação ao mesmo período do ano passado.
“É um número bem considerável, que mostra como o segmento vem crescendo, e entendemos que o desenvolvimento do mercado de trabalho passa, necessariamente, pelo fortalecimento das micro e pequenas empresas. São essas organizações que mais contratam, geram renda e movimentam a economia local. Por isso também nos colocamos ao lado dos empreendedores, facilitando o acesso a talentos e apoiando o crescimento de seus negócios”, afirma Prado.
De acordo com o consultor do Sebrae-SP, os maiores desafios enfrentados por quem decide empreender no Brasil incluem alta carga tributária e burocracia, que dificultam a formalização e a gestão do negócio; dificuldade de acesso a crédito, especialmente para micro e pequenos empresários; e a falta de capacitação e planejamento, afetando áreas como gestão financeira, marketing e vendas. Além disso, os empreendedores precisam lidar com concorrência intensa e adaptação ao mercado digital, bem como gestão de pessoas e relacionamento interpessoal.
O sucesso de quem deseja iniciar ou expandir um negócio passa por uma boa capacitação, seja na área financeira, marketing, vendas, planejamento estratégico e liderança, isso ajuda a reduzir erros comuns e aumentar as chances de sustentabilidade e crescimento do negócio.
Além disso, a educação empreendedora ajuda a desenvolver habilidades comportamentais, como tomada de decisão, criatividade, inovação e resiliência, essenciais para enfrentar desafios e adaptar-se a mudanças do mercado. O Sebrae também reforça que a capacitação contribui para a formalização de empresas, melhora a competitividade e fortalece a economia local, ao preparar empreendedores para gerir negócios mais eficientes e inovadores.
No site do Sebrae é possível encontrar vários cursos onlines e gratuitos que podem ajudar o novo empreendedor.
De acordo com Davi Jerônimo, do Sebrae-SP, o empreendedor é uma pessoa solitária que busca uma oportunidade de negócios e precisa ser ajudado sempre, tanto na esfera Federal, municipal e estadual, com políticas para simplificação da burocracia e redução da carga tributária, facilitando a formalização e a operação de micro e pequenas empresas.
O apoio financeiro, com facilidades a acesso a crédito e linhas de financiamento com condições adequadas, taxas menores e menos exigências de garantias como as oferecidas, por exemplo, pelo Banco do povo em SP, Desenvolve SP, BNDES e Sebrae com seu fundo garantir para agilizar e dar garantias de Créditos (FAMPE), também são importantes.
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Além disso, programas de incentivo à investimento em inovação (FINEP, Fapesp e EMBRAPI) e expansão a abertura de novos mercados internacionais (APEX), ferramentas digitais, marketing online e automação de processos. Especialmente para micro e pequenas empresas e empreendedores iniciais.
O Sebrae reforça que esses apoios, combinados com capacitação e orientação, são essenciais para fortalecer o empreendedorismo, reduzir desigualdades e aumentar as chances de sucesso dos negócios no Brasil.
As principais dicas para diminuir o risco e aumentar as chances de sucesso, é pesquisar o mercado (clientes, fornecedores e concorrentes), planejar o negócio com objetivos claros (fazer o plano de negócios), estratégias de marketing (plano de marketing e vendas) e gestão financeira (fluxo de caixa, formação de preço de vendas, controles de DRE e indicadores).
A capacitação em gestão, finanças, vendas e legislação também são importantes. O início deve ser organizado, avaliando viabilidade e recursos, preferencialmente de forma gradual. Formalizar a empresa garante segurança jurídica, acesso a crédito e benefícios fiscais. É importante desenvolver resiliência e inovação para superar desafios, manter controle financeiro desde o início e buscar apoio e networking por meio de Sebrae, associações e grupos de empreendedores.
Segundo levantado do Sebrae-RJ, os empreendedores 60+ representam 16% do total de donos de negócios no Rio de Janeiro. O diretor-superintendente do Sebrae Rio Antonio Alvarenga ressalta que, com o aumento da expectativa de vida e da produtividade adquirida com a experiência profissional, esses empreendedores são grandes propulsores econômicos.
“No nosso estado, o empreendedorismo sênior é quem mais emprega, na comparação com as outras faixas etárias. 15% são empregadores. Esse dado reforça a importância de estimular o empreendedorismo nessa faixa etária, desde que tenha planejamento”, avalia.
O setor de serviços reúne a maioria desses empreendedores. Ao todo 55% resolvem empreender no segmento. Comércio vem na sequência, com 19%, seguido por construção (11%), indústria (10%) e agropecuária (4%). Em relação à média salarial, o rendimento é o segundo maior (R$ 4.028,97) quando comparado às outras faixas etárias, ficando atrás da faixa de 40 a 59 anos.
“Hoje, 72% dos empreendedores nessa faixa etária estão na informalidade. Pela falta de informação ou pelo negócio ser embrionário, muitos desconhecem quais são os direitos, benefícios e obrigações. Abrir uma empresa hoje é muito fácil. Assim, o empreendedor adquire direito aos benefícios e vantagens do Seguro Social”, complementa.
Um exemplo de que nunca é tarde para começar é a dona Sônia Ramos, 79 anos, fundadora da Casa de Bolos. Em 2009, depois de ver o filho caçula ser demitido, a Vô Sônia, como é conhecida, então com 64 anos, decidiu vender seus bolos caseiros para ajudar a complementar a renda familiar.
Em 2010, apoiada pelos filhos, alugou um ponto comercial no centro de Ribeirão Preto e, de bolo em bolo, o negócio prosperou de modo que ao final do ano, a família tinha 5 lojas em operação, todas com a Vó Sônia cuidando pessoalmente da produção e do atendimento.
“Foi tudo muito pé no chão, com muito trabalho e união da família. Em 2011, meus filhos decidiram fazer a expansão do negócio por meio do sistema de franquias e, a partir daí, a Casa de Bolos, maior rede de franquias de bolos do Brasil e pioneira no segmento, só cresceu”, conta.
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A advogada tributarista no Macário Menezes Advogados Luísa Macário, ressalta que, ao abrir um negócio, a formalização é o primeiro passo para garantir segurança jurídica, acesso a crédito, emissão de notas fiscais e a possibilidade de firmar contratos e parcerias. Mas tão importante quanto registrar a empresa é escolher corretamente o regime tributário e planejar o negócio de forma estratégica. Avaliar a projeção de faturamento, o perfil dos clientes e os custos operacionais são importantes para definir em qual modalidade a empresa se encaixa.
Além disso, contratos bem estruturados com fornecedores, clientes e sócios reduzem riscos de litígios futuros; o registro da marca no INPI garante exclusividade e evita disputas sobre identidade empresarial; e a obtenção das licenças específicas para cada atividade é indispensável para evitar sanções administrativas.
A advogada lembra ainda que, no campo trabalhista, é fundamental observar as regras de contratação e cumprir obrigações previdenciárias e trabalhistas mesmo quando se trata de poucos empregados, já que passivos decorrentes de descumprimento podem comprometer seriamente a saúde financeira de uma pequena empresa.
Luísa Macário também chama a atenção para as questões tributárias. Para ela, quem já inicia o negócio com um planejamento fiscal bem estruturado terá mais condições de se adaptar e de aproveitar oportunidades nesse novo contexto, enquanto a falta de organização pode comprometer a sustentabilidade financeira.
Na última quarta-feira (01/10), a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei que determina o fim do pagamento de Imposto de Renda para milhões de brasileiros que recebem até R$ 5 mil. De acordo com dados do Atlas dos Pequenos Negócios, elaborado pelo Sebrae a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2024, 78% dos empreendedores brasileiros serão beneficiados pela iniciativa, pois recebem até três salários-mínimos em suas empresas.
“É um grande avanço na redução das desigualdades e a favor da justiça tributária no Brasil, principalmente para os empreendedores e empreendedoras. São eles que acordam cedo todos os dias, enfrentam as dificuldades de um mercado voraz em busca de realizar seus sonhos, além de gerar emprego e renda para a população”, defende o presidente do Sebrae, Décio Lima. A estimativa do governo federal é de que ao menos 15 milhões de pessoas sejam beneficiadas.
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