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Por Manuela França
redacao@viva.com.brSão Paulo, 14/09/2025 - A ideia de carreira linear e vitalícia perdeu espaço. Uma pesquisa da PSA com 301 profissionais de diferentes níveis hierárquicos mostra que o novo executivo brasileiro busca trajetórias mais fluidas, empreendedoras e conectadas ao bem-estar.
O estudo também aponta o colapso do modelo tradicional de liderança: 58,9% acreditam que a onda empreendedora transformou a carreira executiva, não apenas como alternativa, mas como referência de estilo de gestão. Tanto que 83,1% dos executivos consideram ou já consideraram empreender.
Para 58,9% deles, a experiência empreendedora influencia o estilo de gestão nas empresas. Entre os gêneros, homens demonstram maior disposição (71,4%) que mulheres (55,4%), mas estas registram índices mais altos de desistência no processo.
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Mais da metade dos entrevistados (55,2%) já mudou de área de atuação ou profissão por vontade própria, enquanto outros (21,4%) desejam fazer o mesmo.
O estudo aponta quatro movimentos que orientam o novo cenário executivo:
A partir deles, aparecem seis papéis de liderança: arquiteto do fluxo organizacional, agente beta, tradutor do propósito em ação, promotor da sustentabilidade humana, conector de talentos e pluralidade, e construtor tecno-humano.
“Esses perfis não são prescrições, mas sinalizações de que o papel da liderança está deixando de ser um pedestal e se tornando uma plataforma: um espaço de conexão, orquestração e responsabilidade emocional”, afirma Márcio Spagnolo, CEO da PSA.
O estudo também expõe as pressões que moldam esse novo perfil de liderança. Cerca de 57,5% dos executivos já enfrentaram burnout ou outros distúrbios emocionais relacionados ao trabalho, e 64,3% afirmam priorizar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional em relação ao salário como fator de satisfação. Já 68,7% declaram não se sentir preparados para liderar com o apoio de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial.
Entre os jovens da Geração Z, o distanciamento em relação ao modelo tradicional de gestão é ainda mais evidente: 36% não têm interesse em cargos gerenciais nos moldes atuais e apenas 2% demonstram ambição de subir na pirâmide corporativa.
Além disso, 55% dos trabalhadores afirmam estar frustrados com o emprego atual e 25% citam a falta de flexibilidade como principal motivo, fenômeno alinhado a tendências globais como o quiet quitting, quando o trabalhador cumpre apenas o mínimo necessário da sua função, sem se esforçar para ir além do esperado.
O relatório da PSA nomeia esse processo de transformação como "Renascimento Executivo", impulsionado por três grandes vetores: o impacto da pandemia, a instabilidade econômica e geopolítica, e a rápida evolução da cultura digital e da inteligência artificial. Tais mudanças deram origem a um executivo menos definido pelo cargo que ocupa e mais pela capacidade de transitar entre funções, empreender em paralelo e manter o foco no bem-estar individual e coletivo.
Entre as características desse novo perfil estão a busca por um trabalho mais humano, a produtividade aliada à saúde mental, o propósito claro nas ações e a integração equilibrada entre tecnologia e intuição. Assim, abrindo espaço para um novo acordo entre empresas e pessoas, não um jogo de concessões, mas um equilíbrio em que os desejos individuais e as necessidades da organização funcionam juntos.
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