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Publicado em 21/07/2025, às 18h18 - Atualizado em 22/07/2025, às 11h54
São Paulo, 21/07/2025 -- Modelo de atuação que ganhou força no pós-pandemia, o trabalho híbrido é visto pelas empresas como um instrumento de retenção de talentos. No mundo, 80% das companhias referendam essa avaliação, enquanto no Brasil são 75%. Os números fazem parte da pesquisa “Navegando por Estratégias de Trabalho Híbrido em Ambientes de Trabalho em Evolução”, realizada pela empresa de tecnologia Cisco com 21.513 empregadores e funcionários de diversos setores em 21 países.
O estudo aponta que 64% das companhias brasileiras indicam um aumento nas taxas de retenção como resultado das políticas relativas a esse modelo de trabalho. Globalmente, o número alcança 69%. Ainda assim, o levantamento mostra que caiu o porcentual de entrevistados com acordos de trabalho híbrido: eram 62% em 2022 e, em 2025, são 45%. Quase três quartos (72%) das organizações dos entrevistados têm exigências para o trabalho no escritório e 46% afirmam que a política atual exige mais tempo no escritório do que anteriormente.
"77% dos funcionários percebem a exigência de retorno ao escritório como reflexo da falta de confiança em sua produtividade à distância, percepção compartilhada por 81% dos empregadores. Ou seja, há uma questão de confiança ainda não totalmente superada, que acaba influenciando as decisões sobre o modelo de trabalho", afirma Amanda Pinheiro, líder de People & Communities da Cisco América Latina.
Ela ressalta que as organizações estão lidando com equipes cada vez mais diversas, tanto em termos geracionais quanto de estilo de trabalho.
"83% dos empregadores relatam que gerir múltiplas gerações tornou-se um desafio significativo, levando muitas vezes à adoção de políticas padronizadas e menos flexíveis para tentar acomodar todos", diz a executiva.
"Acredito que a redução da adoção do trabalho híbrido revela muito mais sobre o atual momento de ajustes e busca por equilíbrio do que sobre uma negação de seus benefícios. As organizações estão aprendendo a navegar em um cenário de expectativas variadas, desafios de confiança e necessidade de alinhar resultados de negócio com o bem-estar dos colaboradores", acrescenta Amanda.
Dias fixos: 37% das organizações exigem presença em
determinados dias da semana, sendo segunda a quarta-feira os mais
frequentes.
Dias flexíveis: 35% permitem que os funcionários
escolham quais dias comparecer ao escritório, desde que cumpram uma
quantidade mínima (ex: dois ou três dias).
Incentivo, mas não obrigatoriedade: 16% encorajam a presença total no
escritório, porém sem obrigação formal e 8% adotam política totalmente flexível.
Totalmente presencial: 49% dos respondentes reportaram regime de cinco dias
por semana no escritório.
A Cisco, no entanto, ressalta que o estudo mostra que os arranjos de trabalho híbrido continuam sendo uma “ferramenta” eficaz na "guerra por talentos", tanto na aquisição quanto na retenção, principalmente em relação aos profissionais de alto desempenho. Globalmente, entre todos os entrevistados, 17% dos funcionários e 44% dos empregadores se enquadram na categoria de alto desempenho.
De fato, 78% dos trabalhadores de alto desempenho, avaliam até mesmo deixar a empresa, caso as políticas de trabalho não sejam flexíveis o suficiente (apenas 34% preferiam trabalhar no escritório). E 50% deles trabalham para organizações que exigem menos de três dias no escritório por semana. Considerando-se o universo de todos os entrevistados, 63% aceitariam cortes nos seus ganhos se pudessem trabalhar remotamente com mais frequência.
Leia também: Líderes apontam flexibilidade de horário como principal fator de bem-estar do funcionário
"A flexibilidade tem demonstrado impacto positivo na produtividade, retenção, cultura e inovação. Consequentemente, a maioria dos funcionários está buscando um equilíbrio entre o valor do tempo presencial para a progressão na carreira e o apelo dos arranjos de trabalho flexíveis”, diz um trecho do estudo.
Tanto que 73% dos entrevistados relataram maior produtividade sob seus novos arranjos de trabalho, com um aumento médio autorrelatado de 19%", segundo o estudo. A Cisco calcula que o melhor desempenho representa um ganho substancial de 7,6 horas por semana, ou quase um dia inteiro, para trabalhadores com uma semana padrão de 40 horas.
Mesmo assim, 85% acreditam que o trabalho presencial ajuda no avanço da carreira. “A flexibilidade não significa que todos estejam trabalhando remotamente o tempo todo, mas que é possível levar em consideração as necessidades de cada indivíduo. Um dos grandes destaques do estudo é o fato de a flexibilidade fazer com que os melhores profissionais tenham um desempenho melhor", declara Fran Katsoudas, vice-presidente executiva e diretora de Pessoas, Políticas e Propósitos da Cisco.
O estudo também mostra diferenças nas avaliações entre empregadores e empregados. No Brasil, 80% das empresas receberam positivamente as diferentes políticas de regime híbrido, mas o porcentual cai para 63% entre os colaboradores. Em termos mundiais, os índices alcançam 78% e 64%, respectivamente.
Além disso, 63% das companhias e 53% dos colaboradores no país acreditam que sua organização garante uma experiência perfeita para os funcionários em todos os ambientes. Pela ordem, esses resultados em termos globais são de 59% e de 46%.
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