Convivência com os netos faz bem para o cérebro, diz estudo

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Interações frequentes com os netos podem ser mais benéficas do que se imagina - Foto: Envato Elements
Interações frequentes com os netos podem ser mais benéficas do que se imagina

Por Beatriz Duranzi

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Publicado em 22/07/2025, às 17h08

São Paulo, 22/07/2025 -- Interações frequentes com os netos podem ser mais benéficas do que se imagina, especialmente para a saúde mental e cognitiva dos avós. Momentos de carinho, brincadeiras, histórias e até mesmo a rotina diária compartilhada têm potencial para preservar a memória, estimular o raciocínio e fortalecer o bem-estar emocional na terceira idade.

Foi exatamente isso que demonstrou um estudo publicado no Journal of Mental Health and Aging. A pesquisa acompanhou 186 mulheres pós-menopáusicas e identificou que aquelas que cuidavam dos netos um dia por semana apresentavam melhor desempenho em testes de cognição e memória. 

De forma interessante, também foi observado que o excesso de cuidado, como cuidar dos netos cinco dias por semana, pode ter o efeito oposto, gerando estresse e interferindo na saúde mental.

Por que cuidar dos netos pode ajudar o cérebro?

De acordo com os autores do estudo, o contato regular com crianças pequenas estimula diversas áreas do cérebro ligadas à linguagem, à empatia e ao raciocínio lógico.

Além disso, a convivência com os netos proporciona um senso de propósito, fortalece vínculos afetivos e pode ajudar a prevenir o isolamento social, um dos principais fatores de risco para doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e demência.

Ou seja, manter uma relação próxima com os netos não só alegra o coração, mas também pode ser uma aliada poderosa no combate ao envelhecimento cognitivo.

Benefícios além da memória

Além de favorecer o desempenho mental, a convivência com os netos também contribui para uma rotina mais ativa, melhora a autoestima dos avós e cria uma rede de apoio emocional.

Pequenos gestos, como ajudar na lição de casa, contar histórias ou simplesmente estar presente no dia a dia da criança, podem gerar estímulos significativos para o cérebro. A pesquisa também aponta que essas interações proporcionam aos avós uma oportunidade de aprender constantemente, adaptar-se às novas gerações e se manter mentalmente engajados, fatores decisivos para a saúde cerebral a longo prazo.

Segundo Luciane da Luz, coordenadora e docente dos cursos de Sociologia, Ciência Política e Antropologia da Uniasselvi, sob a ótica da antropologia, a relação entre avós e netos é muito poderosa. "É um espaço de troca entre gerações. As avós transmitem cultura, histórias e valores, enquanto recebem afeto, estímulo e sentido de pertencimento. Mais que convivência, essa relação remete a ideia de continuidade: da memória, da identidade e do amor", afirma.

Equilíbrio é fundamental

Apesar dos benefícios, os pesquisadores reforçam que o equilíbrio é essencial. O estudo destaca que cuidar dos netos com moderação (cerca de um dia por semana) tende a trazer os melhores resultados.

Quando o cuidado se torna intenso e constante, os níveis de estresse podem aumentar e afetar negativamente a saúde mental.

Por isso, o ideal é que o tempo com os netos seja prazeroso, voluntário e sem sobrecarga. Avós que mantêm essa convivência de forma equilibrada tendem a colher os frutos com mais qualidade, para o cérebro e para o coração.

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