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São Paulo, 29/07/2025 - O preconceito contra a pessoa com deficiência (PcD) passa pelo vocabulário. Algumas expressões populares são carregadas de estereótipos e reforçam a discriminação. Segundo o último censo do IBGE, 6,3% da população tinha alguma deficiência em 2022. Do total de 14,4 milhões pessoas, 545,9 mil estão inseridas no mercado formal e movimentam a força de trabalho no País.
O capacitismo é crime e é definido como o preconceito, discriminação e exclusão social contra pessoas com deficiência, que carrega a ideia da existência de um padrão corporal superior. A adoção de um vocabulário anticapacistista é essencial para combater esse crime dentro e fora das empresas, bem como entender o protagonismo dessa população nos mais diversos setores da sociedade.
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Inclusive a expressão "portador de deficiência" é preconceituosa, pois reforça o estereótipo da deficiência como um fardo a ser carregado. As palavras "deficiente" e "especial" também não devem ser mais utilizadas, uma vez que a sigla PNE (Pessoas com Necessidades Especiais) foi combatida por ativistas dos direitos de pessoas com deficiência.
O guia anticapacistista do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, publicado no ano passado, destaca palavras que devem ser excluídas para referenciar PcDs. São elas: "doente", "defeituoso", "especial", "inválida", "aleijado", "anormal", "portador de deficiência", "incapaz", "portador de necessidades especiais", "sequelado" e "deficiente".
Outras frases como "mais perdido do que cego em tiroteio" ou "João sem braço" são destaques do guia como expressões capacitistas.
O manual de redação do projeto Alma Preta traz o detalhamento de termos que devem ser excluídos da redação jornalística e do vocabulário popular. A atenção vai para "deficiência intelectual" ou "mental". Ambas são palavras que não devem ser usadas como sinônimos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou da Síndrome de Down. No caso do TEA, prefira "neurodivergência" ou "neurodiversidade", que engloba pessoas neurotípicas e neurodivergentes.
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Também é incorreto dizer "surdo-mudo", uma vez que a deficiência auditiva não exclui a comunicação de pessoas com surdez.
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