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São Paulo, 18/08/2025 - O estudo "Futuro do Trabalho: onde estamos e para onde vamos?", realizado pela empresa de inteligência Futuros Possíveis com apoio da Totvs e do Instituto da Oportunidade Social (IOS), aponta que 47% dos trabalhadores já tiveram saúde mental impactada por questões de identidade no trabalho - seja por gênero, cor da pele, corpo, origem ou jeito de viver. Entre jovens de 16-24 anos, 24% relatam sentir pouca escuta ou empatia, comparados a 11% dos profissionais com 50+ anos.
A coleta dos dados que embasaram a pesquisa foi realizada online pela Opinion Box entre 22 de abril e 12 de maio de 2025, com 2.018 respondentes acima de 16 anos de todo o Brasil e margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
Na opinião de Andreza Maia, especialista em inovação inclusiva e cofundadora da Futuros Possíveis, esse cenário configura uma violação sistemática dos direitos humanos mais básicos de quase metade dos trabalhadores e transforma diversidade e inclusão de valores corporativos em questões urgentes de saúde pública.
“Não é mais sustentável separar bem-estar pessoal de produtividade profissional", afirma.
Leia também: Saúde mental é regra para empresas: conheça a nova regulamentação NR-01
Ao mesmo tempo, 63% apontam longas jornadas como principal problema para o bem-estar mental do trabalhador brasileiro. Na sequência, 46% criticam a competição excessiva entre colegas e 37% o acionamento fora do expediente comercial. Para proteger a saúde mental, 49% dos trabalhadores priorizam equilíbrio entre vida pessoal e profissional, 44% querem acesso facilitado a apoio psicológico e 45% pedem treinamentos regulares para lideranças sobre o tema.
Dados do Ministério da Previdência Social mostram que, em 2024, mais de 470 mil trabalhadores se afastaram por problemas de saúde mental, um aumento expressivo em comparação com anos anteriores. Comparado a 2020, ano do auge da pandemia, o aumento é superior a 400%.
A preocupação com a saúde mental é parte importante da Norma Regulamentadora nº 01 (NR-01), que estabelece as disposições gerais e orienta o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) nas empresas. A regra foi atualizada e recebeu uma nova redação. Entre as principais mudanças está a inclusão obrigatória dos Fatores de Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho (FRPRT) no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Com isso, além de lidar com os riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos, as organizações devem agora identificar, avaliar e tratar também os riscos que impactam a saúde mental dos trabalhadores — como o assédio moral, a pressão excessiva, jornadas exaustivas, metas inatingíveis e ambientes de trabalho conflituosos. A norma estabelece que, até maio de 2026, as empresas estejam em conformidade com as novas exigências.
O estudo mostrou haver rejeição ao modelo atual de crescimento profissional, embora contraditoriamente 97% dos entrevistados digam que se sentem preparados para o futuro. Apenas 12% pretendem chegar a cargos de liderança, enquanto 23% preferem empreender e 50% querem mudar de trabalho em 2025.
"Isso sinaliza uma busca por autonomia em vez de de autoridade, e impacto em vez de um cargo no topo da pirâmide", analisa Angelica Mari, CEO e cofundadora da Futuros Possíveis.
"Talvez o sonho atual não seja mais subir a escada corporativa, mas construir pontes entre ambições pessoais e contribuições profissionais mais significativas", acrescenta.
Jovens de 16-24 anos são os que mais querem mudar de ocupação (60%), comparados aos 46% dos profissionais acima de 40 anos. No grupo de 25 a 29 anos, 36% buscam salário mais alto no mesmo cargo (acima da média total de 26%), enquanto os profissionais 50+ valorizam mais a autonomia (36%) do que crescimento na carreira.
"Investir na inclusão produtiva de jovens é essencial para construir uma força de trabalho diversa e preparada para os desafios futuros. Além de promover justiça social, essa abertura favorece a cultura da inovação”, afirma Vivian Broge, vice-presidente de Relações Humanas e Marketing da Totvs e presidente do Instituto da Oportunidade Social (IOS), que apoiaram o estudo.
Entre as aspirações para os próximos dois anos, 28% buscam salário maior no mesmo cargo, sem assumir mais responsabilidades, 24% querem melhores benefícios no trabalho atual e 16% almejam trabalhar menos horas.
Um outro estudo, a edição 2025 do relatório "State of the Global Workplace", da Gallup, destaca que 41% dos funcionários afirmaram ter passado por estresse significativo no dia anterior. Apenas 34% relatam estar prosperando em suas vidas. 1 em cada 5 se sente solitário, um número que aumenta entre equipes remotas.
O relatório da Gallup entrevistou mais de 227.000 pessoas em 149 países, com idades a partir de 15 anos, entre abril e dezembro de 2024.
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