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Por Manuela França*
redacao@viva.com.brSão Paulo, 10/10/2025 - A saúde mental se tornou um dos principais desafios do ambiente corporativo atual. Apesar de mais presente nas discussões de gestão, o tema ainda carece de políticas efetivas e acompanhamento contínuo. Um levantamento da Mercer Marsh Benefícios, com 746 empresas da América Latina, sendo 149 brasileiras, mostra que apenas 12% das organizações gerenciam riscos psicossociais relacionados ao esgotamento profissional.
Segundo o estudo, 58% das companhias afirmam priorizar a saúde mental, mas menos de 10% monitoram indicadores de burnout. A pesquisa “Redefinindo a Saúde Mental 2025” também revela que os principais desafios estão na falta de programas estruturados e no baixo engajamento da alta liderança.
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Para o Instituto Philos, responsável pelo Anuário Saúde Mental nas Empresas 2025, houve avanços tímidos, o índice geral de atenção à saúde mental subiu de 5,06 em 2024, para 8,19 em 2025, em uma escala de 16 pontos. O setor financeiro lidera a preocupação com o tema, enquanto o agronegócio e a indústria de alimentos e bebidas seguem entre os menos engajados.
A psicóloga Ticiana Paiva, especialista em saúde corporativa, explica que o ambiente de trabalho pode tanto agravar quanto aliviar sintomas emocionais.
“Mudanças de humor, isolamento e queda de produtividade são sinais de alerta que não devem ser ignorados. É preciso olhar para o colaborador além dos resultados”, afirma.
A head de RH Daniella Camargo complementa que o acolhimento precisa estar na cultura da empresa, e não restrito a datas ou campanhas: “Saúde mental não se resume a um protocolo. É sobre criar espaços de confiança e pertencimento”.
Uma das frentes que mais têm evoluído no campo da saúde mental é a Medicina de Precisão. A abordagem utiliza dados genéticos para identificar o tratamento mais adequado a cada paciente, reduzindo os efeitos colaterais e o tempo de ajuste medicamentoso.
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Segundo o psiquiatra Guido Boabaid, CEO da GnTech, cuidar da saúde dentro do ambiente de trabalho vai além do cuidado físico. Empresas que oferecem equilíbrio entre vida pessoal e profissional, apoio psicológico e gestores preparados para identificar sinais precoces criam ambientes mais saudáveis, engajados e competitivos.
“A saúde corporativa deixa de ser apenas um benefício e se torna um diferencial estratégico, capaz de gerar resultados sustentáveis e preparar a empresa para os desafios do futuro”, conclui Boabaid.
Cuidar da saúde dos colaboradores significa também cuidar da saúde da própria empresa. Organizações que investem em prevenção, Medicina de Precisão e bem-estar fortalecem sua reputação, aumentam inovação, reduzem custos com afastamentos e criam equipes mais engajadas.
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