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Taxa de inadimplência no ensino superior recua, mas ainda preocupa setor

Foto: Envato Elements

Taxa de inadimplência é maior nos cursos de educação a distância; no geral, considerando também os cursos presenciais, o índice de insolvência é de 1,9% - Foto: Envato Elements
Taxa de inadimplência é maior nos cursos de educação a distância; no geral, considerando também os cursos presenciais, o índice de insolvência é de 1,9%
Bianca Bibiano
Por Bianca Bibiano bianca.bibiano@viva.com.br

Publicado em 04/11/2025, às 15h23

São Paulo, 04/11/2025 - A taxa de inadimplência geral nas instituições de ensino superior privadas do País recuou 1,9% no 1º semestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ficando em 8,73%. A melhora foi puxada pelos cursos presenciais, cuja inadimplência caiu 3,1%.
Porém, no ensino a distância houve alta de 8,4% nas dívidas, reflexo do cenário de instabilidade da modalidade diante das mudanças decorrentes do novo marco regulatório, segundo pesquisa divulgada hoje pelo Instituto Semesp em parceria com a Principia.
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A pesquisa alerta que, mesmo com a recente retração, a inadimplência no ensino superior ainda se mantém em níveis superiores aos de outros segmentos da economia. No crédito livre, por exemplo, a taxa alcançou 5,4%, após aumentos de 0,2 ponto percentual no mês e 1,0 ponto percentual nos últimos 12 meses, diz o levantamento.
Diretor executivo do Semesp, o economista Rodrigo Capelato explicou que a inadimplência na educação superior é historicamente mais alta que em outros setores devido à Lei das Mensalidades, que obriga as instituições a manter o serviço educacional, mesmo quando o aluno está inadimplente. Ele diz que essa particularidade legal cria um ciclo de inadimplência que muitas vezes culmina na evasão.
"A educação é o único setor em que o consumidor pode deixar de pagar e continuar recebendo o serviço, algo que não ocorre, por exemplo, com planos de saúde, que são suspensos por falta de pagamento, mesmo quando o paciente está em situação crítica", pondera.
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Em nota, Capelato disse que essa "distorção incentiva o não pagamento, compromete a sustentabilidade das instituições e, ao contrário do que se imagina, também afeta a permanência dos estudantes".
"Isso porque, ao acumularem dívidas e perceberem que o valor devido se torna impagável, muitos acabam desistindo do curso, o que aumenta os índices de evasão", completa.
A pesquisa considera dados de 293 instituições de ensino superior, que juntas representam 42,5% dos estudantes do País, analisando a inadimplência superior a 90 dias nas mensalidades de cursos de graduação, com recortes por porte das instituições e modalidade de ensino.  

Perda de emprego e apostas impactam

Entre as principais causas do atraso no pagamento das mensalidades, o Instituo Semesp identificou perda de emprego ou redução de renda (62,8%); falta de planejamento financeiro (58,1%); aumento de despesas familiares (44,2%); problemas de saúde (32,6%); atraso no pagamento de salário ou ajuda familiar (30,2%) e outros financiamentos pessoais como carro, casa e moto (30,2%).
Além desses fatores, outra causa de inadimplência começou a aparecer no radar das instituições de ensino superior: as dívidas por jogos e apostas online nas plataformas chamadas de bets.
Segundo a pesquisa, 19,1% das instituições de ensino já identificaram relação entre as apostas e a inadimplência. Contudo, a maioria (71,4%) não investigou esse assunto. "Vamos investigar novamente o impacto das apostas online na vida financeira dos estudantes. Nesta pesquisa, elas têm influência, mas representam cerca de 7% dos casos efetivos. O grande problema continua sendo o desemprego e a queda de renda", ponderou Capelato.
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As dificuldades financeiras causadas pela perda de emprego já haviam sido apontadas em outras pesquisas do setor. Em julho deste ano, por exemplo, pesquisa do Serasa em parceria com a Mindminers mostrou que 35% dos universitários possuíam, até aquele mês, alguma dívida em aberto com a faculdade. Para 22% dos entrevistados, o desemprego foi o principal motivo para o endividamento, seguido de problemas pessoais ou familiares (13%) e redução de renda (9%).
Ainda segundo o Serasa, entre os endividados, 34% contavam com débitos em aberto que ultrapassavam o valor correspondente a cinco mensalidades, sendo que 32% delas estão pendentes há mais de dois anos. De acordo com essa pesquisa, 62,3% dos estudantes também revelaram ter outras dívidas, além do débito com a instituição de ensino, sendo que 55% apontaram pendências com cartões de crédito, 36% com contas básicas e 32% com empréstimo pessoal.

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