Conferência nacional de idosos debaterá diversidade do envelhecer no País

Divulgação/Conadipi

A conferência ocorre a cada biênio, data que se renova a gestão do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNDPI) - Divulgação/Conadipi
A conferência ocorre a cada biênio, data que se renova a gestão do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNDPI)
Por Paula Bulka Durães paula.bulka@viva.com.br

Publicado em 07/09/2025, às 09h00

São Paulo, 07/09/2025 - Entre 16 e 19 de dezembro, Brasília (DF) será palco da 6º Conferência Nacional de Direitos da Pessoa Idosa (Conadipi), ação do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) que mobilizará agentes da sociedade civil, governantes, movimentos populares, organizações sem fins lucrativos, todos unidos para o debate e criação, execução e fiscalização de políticas públicas pensadas para a população idosa.

A novidade desta edição, que ocorre tradicionalmente a cada biênio, data que se renova a gestão do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNDPI), é a promoção de um espaço de debate sobre as múltiplas velhices, ou seja, as diversas realidades do envelhecer vividas pela população brasileira – marcadas pela diversidade de renda, raça, etnia, gênero, orientação sexual e religiosidade.

O Viva conversou com o secretário de Direitos da Pessoa Idosa, pasta ligada ao MDHC, e atual presidente da CNDPI, Alexandre da Silva, sobre as expectativas para a conferência nacional que, segundo o secretário, já começou com mobilizações em todo o País. “Talvez seja o maior evento do mundo com a participação social de pessoas idosas para falar de envelhecimento multicultural. Temos desde já conferências que antecedem o nacional, em Brasília”, evidencia.

A pré-conferência é formada por assembleias municipais, estaduais, livres e nacionais livres, que elegem delegados para representar os interesses da população idosa a nível local e organizado. O mês de setembro é o prazo final para a realização das conferências nos Estados, distritos e também das conferências livres e nacionais livres.

Leia também: Conferência livre debate políticas e direitos dos idosos em múltiplas velhices

Para Silva, essa organização reforça o compromisso do governo federal em dialogar com todas as camadas que lutam pelos direitos dos mais velhos. “O Brasil inova por fazer uma conferência com esse tema e essa magnitude. Ou seja, nós teremos mais de mil delegados e delegadas participando da conferência nacional.”

De acordo com o último censo do IBGE, o País é formado por 32,1 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que representa 15,8% da população brasileira. Quase metade desse grupo é composto por pessoas negras, totalizando 15,4 milhões, enquanto pessoas com deficiência (PcDs) representam 47,2% da população idosa. Outros 13% dos mais velhos no País são quilombolas e 10,6% são indígenas. 

Por outro lado, 30,7 mil pessoas idosas estão em situação de rua, o que representa 9% da população em condições extremas de vulnerabilidade social no País, de acordo com informações do Cadastro Único (CadÚnico). Segundo o secretário, envelhecer “bem” – fazendo exercícios, com alimentação saudável e moradia digna – ainda é um privilégio.

“Nós estamos falando de grupos sociais que já nasceram com violações de seus direitos e chegam aos 60 anos com mais violações. São grupos sociais que não têm direito de manifestar a sua cultura, que não recebem um atendimento adequado, que possuem baixos níveis de escolaridade e que muitas vezes não têm o acesso adequado ao saneamento básico.” 

Questionado sobre a efetividade das políticas públicas pautadas na conferência anterior, Silva apontou a dificuldade de contar com a participação pública ativa no evento que ocorreu de forma remota, sem a possibilidade de um encontro presencial. “Na última gestão, tivemos alguns atravessamentos que colocaram uma série de restrições para a participação social, pela dificuldade de acesso. Mas desta vez, comemoramos não só pela magnitude do tema, mas porque a mobilização popular já começou”, defende.

Como participar?

A participação na conferência nacional depende da inscrição nas conferências preparatórias, tanto a nível estadual, municipal, quanto nas conferências livres e nacionais livres, que elegem delegados com mais de 60 anos que participarão efetivamente em Brasília, como representantes da sociedade civil.

A composição do encontro em dezembro é de 60% de delegados da sociedade civil e 40% formados por delegados do poder público municipal e estadual com direito a fala, voto e de atuação em nome de um grupo ou um terceiro. Este ano, parte considerável dos recursos do Fundo Nacional do Idoso (FNI) foi destinado a realização da conferência nacional, de acordo com Silva.

Leia também: Fundos da pessoa idosa são subutilizados e captam 67% menos que os de crianças

Quais são os eixos temáticos desta edição?

  1. Financiamento das Políticas Públicas para ampliação e garantia dos direitos sociais; 
  2. Fortalecimento das Políticas para a proteção à vida, à saúde e ao acesso ao cuidado integral da pessoa idosa; 
  3. Proteção e Enfrentamento a todas as formas de violência, abandono social e familiar da pessoa idosa; 
  4. Participação Social, Protagonismo e Vida Comunitária na perspectiva das múltiplas velhices; 
  5. Consolidação e Fortalecimento da atuação dos Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa como Política do Estado Brasileiro.

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias