Empresário nega ser 'laranja' em fraudes do INSS e permanece em silêncio

Carlos Moura/Agência Senado

Cavalcanti é acusado de enriquecer ilicitamente com os desvios de descontos associativos - Carlos Moura/Agência Senado
Cavalcanti é acusado de enriquecer ilicitamente com os desvios de descontos associativos
Por Paula Bulka Durães paula.bulka@viva.com.br

Publicado em 07/10/2025, às 11h53

São Paulo, 07/10/2025 - O empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, suspeito de participar das fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), negou atuar como 'laranja', operador ou beneficiário do esquema, durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) na tarde de segunda-feira, 6.

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Cavalcanti é acusado de enriquecer ilicitamente com os desvios de descontos associativos e de ter ligação com o 'Careca do INSS', Antônio Carlos Camilo Antunes. O empresário chegou a responder às perguntas do relator, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), mas se manteve em silêncio no decorrer da sessão.

"Nunca fui laranja, atuador ou beneficiário de qualquer esquema. Minha atuação sempre foi de gestor e os pagamentos recebido sempre foram compatíveis com todas as funções que eu desempenhava e com a minha vida.”

Na Operação Sem Desconto, que tornou público o esquema de desvios na folha de benefícios do INSS, a Polícia Federal (PF) apreendeu mais de 20 veículos de luxo, entre eles uma Ferrari avaliada em R$ 4 milhões e uma réplica de carro de Fórmula 1. Além dos veículos, foram apreendidos pela PF relógios de luxo e garrafas de vinho avaliadas em R$ 7 milhões.

Questionado sobre as apreensões, Cavalcanti afirmou que cedeu as chaves espontaneamente à PF e que a Ferrari está sendo paga em prestações até 2027. "Os veículos mencionados são de propriedade da minha empresa, adquiridos de forma lícita, alguns ainda em financiamento. Aqui em Brasília é comum que carros sejam guardados em estabelecimentos comerciais”, se defendeu.

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Em 2017, Cavalcanti trabalhava como assessor de um parlamentar na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), com um salário de cerca de R$ 5 mil mensais. O relator questionou o rápido enriquecimento do empresário, que se recusou a divulgar seu patrimônio total. "Meu patrimônio está no imposto de renda declarado, mas é uma informação que eu não quero falar aqui”, respondeu.

Além da conexão com o 'Careca' e com Maurício Camisotti, outro empresário ligado aos desvios, o empresário é ex-sócio do advogado Nelson Willians, um dos investigados centrais no esquema de fraudes do INSS. Willians é dono de um dos maiores escritórios de advocacia do País e chamou atenção por ostentar uma vida de luxo nas redes sociais.

O empresário afirmou ser sócio da FAC Negócios Investimentos, proprietária de 23 veículos e com um capital de R$ 1 milhão, da consultoria empresarial NW Group e de outras empresas nos segmentos de moda, restaurante e negócios.

Após os questionamentos do relator, Cavalcanti pôde permanecer em silêncio devido ao habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux.

Também foi ouvido pela CPMI recentemente o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho, que defendeu a rápida atuação da CGU nas investigações das fraudes do INSS a partir de 2024. Carvalho defendeu que a CGU não alertou outros órgãos do governo pelo dever legal de manter o sigilo acordado com a Polícia Federal.

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