São Paulo recebe certificado de Cidade Amiga do Idoso, com avanços e desafios

São Paulo, 27/10/2025 – O certificado Cidade Amiga do Idoso, entregue pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) a mais de 1,7 mil municípios ao redor do mundo que priorizam inclusão e acolhimento das pessoas idosas, foi concedido nesta segunda-feira, 27, à cidade de São Paulo durante o 7º Fórum São Paulo da Longevidade, realizado de 27 a 29 de outubro no Centro de Exposições do Expo Center Norte.

Com o título, São Paulo passa a integrar o grupo de 50 cidades brasileiras com esse reconhecimento, concedido pela primeira vez, em 2016, a Veranópolis (RS), pequeno município gaúcho de 24 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), símbolo de longevidade e conhecido informalmente como a “blue zone” brasileira.

A capital paulista tornou-se a Grande Metrópole Nacional na Rede Global de Comunidades Amigas do Idoso e levou representantes à Conferência Internacional Cidades Amigas do Idoso, evento principal do primeiro dia do Fórum, que reuniu líderes globais da América Latina e Europa.

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Para o representante no Brasil da Opas e da OMS, Cristian Morales Furhmann, o certificado, dada a projeção da capital, pode inspirar outros municípios.

“São Paulo não é uma cidade homogênea e isso faz parte da sua riqueza. Então, o que ela vai poder fazer, vai ter repercussões para cidades de diferentes tipos, com diferentes características. Mas o mais importante é que as pessoas idosas que moram em São Paulo vão poder ter cada vez mais uma cidade mais preocupada com suas necessidades de mobilidade, acesso à cultura, saúde e, evidentemente, outros programas sociais”, expõe.

A prioridade da metrópole recai sobre ações e programas que promovam a longevidade ativa, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de São Paulo, Rodrigo Goulart. “Temos um olhar para os direitos humanos, mas o nosso foco mesmo está no desenvolvimento econômico do trabalho para os longevos, nos esportes e no bem-estar. O certificado da OMS é um demonstrativo desse esforço conjunto.”

Ao longo dos anos, a cidade criou iniciativas de inclusão dos mais velhos, como o programa Vitalidade+, que reúne mais de 70 ações em prol das pessoas idosas em 20 secretarias municipais, segundo a prefeitura.

Sem transparência

Apesar da conquista, os debates da conferência internacional evidenciaram os desafios à frente. Na abertura do painel de Mudanças Climáticas, o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de São Paulo (CMI-SP), Nadir Francisco Amaral, criticou a falta de transparência sobre a verba reservada a essa parcela da população. 

“Estamos passando pelas audiências públicas do orçamento público para o próximo ano, mas sem nada grifado para a causa da pessoa idosa. Cabe a sociedade civil reivindicar o que a população idosa precisa.”

O conselheiro reforçou que São Paulo, com 17,7% de moradores acima de 60 anos, concentra, em uma única região, mais pessoas idosas do que a Costa Rica inteira. “Temos 700 mil idosos somente na Zona Leste de São Paulo, a Costa Rica tem ao todo 500 mil pessoas idosas no país inteiro, essa é a dimensão da longevidade aqui”, evidenciou.

Como funciona a rede global

A OMS e a Opas definem uma Cidade Amiga do Idoso como a localidade que promove envelhecimento ativo e saudável, permitindo às pessoas idosas manter autonomia, dignidade e participação social, com redução de barreiras e ampliação de oportunidades ao longo da vida. Para isso, as organizações indicam oito áreas para diagnóstico, planejamento e ação:

• Espaços exteriores e edifícios;
• Transportes e mobilidade;
• Habitação;
• Participação social (conexão social);
• Respeito e inclusão social (combate ao idadismo);
• Participação cívica e emprego;
• Comunicação e informação;
• Apoio comunitário e serviços de saúde.

Augustin Martinez Molin, coordenador de estudos de longevidade em Madri, anunciou durante a conferência que o 3º Congresso Mundial de Cidades e Comunidades Amigas do Idoso ocorrerá em San Sebastián, na Espanha, de 16 a 18 de junho de 2026. O encontro deve reunir os municípios da rede global para aprofundar discussões sobre políticas públicas.