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Por Beatriz Duranzi
[email protected]A Sexta-feira Santa é uma das datas mais importantes e solenes do calendário cristão. É o dia em que os fieis recordam a Paixão e Morte de Jesus Cristo na cruz. Diferente de outras celebrações importantes, porém, a Igreja Católica não celebra a Eucaristia nesta data. Mas por quê?
A Sexta-feira Santa faz parte do chamado Tríduo Pascal, que começa na Quinta-feira Santa (com a Missa da Ceia do Senhor) e vai até o Domingo de Páscoa (a ressurreição). Esse período é o coração do calendário litúrgico católico, pois celebra o mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo.
Na Sexta-feira Santa, a Igreja entra num profundo estado de luto e contemplação. É o único dia do ano litúrgico em que não se celebra a Santa Missa, justamente porque se vive o luto da morte de Jesus. A Missa é, por essência, o memorial da ressurreição de Cristo —e este é o único dia em que a Igreja se abstém dessa celebração, porque "o Esposo foi tirado" (cf. Mateus 9,15).
Embora não haja Missa, a Igreja propõe uma Liturgia da Paixão do Senhor, geralmente celebrada por volta das 15h, a hora em que, segundo a tradição, Jesus morreu na cruz. Essa celebração é composta por três momentos:
Ou seja, mesmo sem a celebração eucarística completa, os fieis ainda participam de um momento profundo de oração, meditação e comunhão.
Outro símbolo marcante da Sexta-feira Santa é o silêncio litúrgico: os altares permanecem sem ornamentos, o sacrário está vazio, e as igrejas mantêm uma atmosfera sóbria, sem música nem cantos festivos. É um dia de jejum e abstinência, como sinal de penitência e solidariedade com o sofrimento de Cristo.
Esse silêncio não é vazio. Ele comunica dor, luto e, ao mesmo tempo, esperança. É o silêncio da espera. A Igreja silencia diante do mistério da morte, preparando o coração para a alegria da ressurreição.
Portanto, a ausência da Missa na Sexta-feira Santa não é um descuido, mas um gesto carregado de significado. É uma pausa sagrada, uma suspensão da festa para que possamos viver, com todo o peso e profundidade, o mistério da Cruz.
É uma forma da Igreja dizer: “Hoje, Cristo morreu. Silenciemos com Ele.” E é nesse silêncio que a esperança da Páscoa começa a brotar.
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