Custo de "cesta ideal" chega a R$ 432 e é inacessível para 70% do Brasil

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A cesta ideal para uma alimentação saudável está mais cara

Por Felipe Cavalheiro

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Publicado em 13/05/2025, às 08h00

São Paulo, 13/05/2025 - A alimentação adequada está fora do alcance de muitas famílias brasileiras. O Boletim Mensal de Monitoramento da Inflação dos Alimentos releva que a cesta ideal para uma alimentação saudável custou R$ 432 por pessoa em abril de 2025. Isso representaria 21,4% da renda média per capita dos brasileiros, estimada em R$ 2.020,00 pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE. 

O relatório foi elaborado pelo Instituto Pacto Contra a Fome, e o conteúdo da “cesta ideal” foi elaborado pelo Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (NEBIN). Segundo o estudo, mais de 70% da população brasileira não teria renda suficiente para arcar com os custos desta cesta ideal, quando somados às demais despesas. Além disso, mais de 10% da população vive com uma renda inferior ao valor total da cesta, em torno de 21,7 milhões de pessoas.

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“Essa estimativa revela que, mesmo sendo um direito garantido, a alimentação adequada está fora do alcance da maioria da população”, afirma Ricardo Mota, gerente de inteligência estratégica do Pacto Contra a Fome.

O objetivo com o levantamento é evidenciar a distância entre a garantia constitucional e a realidade econômica das famílias, segundo Mota. "Sem monitoramento contínuo e políticas públicas efetivas e baseadas em evidências, o enfrentamento da insegurança alimentar segue ineficaz".

O peso da inflação

A publicação também destaca a inflação persistente no setor alimentício, que voltou a acelerar em abril. O grupo de Alimentação e Bebidas subiu 0,82% no mês, com destaque para a alta expressiva nos preços da batata (18,29%), tomate (14,32%) e café moído (4,48%) — alimentos que lideraram o impacto no IPCA. No mesmo período, o índice geral ficou em 0,43%

A inflação teve foco mais expressivo nos itens in natura, como frutas e grãos, que variaram 0,97%. Em comparação, os itens processados, como queijos e comida em conserva variaram 0,94%, e os ultraprocessados, como bolachas e refrigerante, apenas 0,69%. Além de mais saudáveis, os itens in natura também são mais sujeitos ao clima e transporte.

Fonte: Instituto Pacto Contra a Fome
Fonte: Instituto Pacto Contra a Fome
Fonte: Instituto Pacto Contra a Fome

Fora o efeito nas comidas mais saudáveis, a alta nos preços trouxe um peso na desigualdade econômica: segundo o boletim, o impacto da inflação alimentar é até 2,5 vezes maior para famílias vulneráveis do que para as de alta renda. 

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