Fazenda reduz projeção de IPCA em 2025 e BC admite que descumpriu meta; entenda

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Banco Central admite que descumpriu meta de inflação em doze meses

Por Giordanna Neves e Cícero Cotrim, da Broadcast

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Publicado em 11/07/2025, às 10h31
Brasília, 11/07/2025 - O Ministério da Fazenda revisou a sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 para 4,9% - acima do teto da meta, de 4,5% - no Boletim Macrofiscal divulgado nesta sexta-feira pela Secretaria de Política Econômica (SPE). A projeção era de 5,0% no boletim anterior, de maio, e de 4,8% no documento "2024 em retrospectiva e o que esperar de 2025", publicado em fevereiro.
“A mudança reflete variações menores que as esperadas para o índice nos meses de maio e junho, além de revisões no cenário à frente, condicionadas principalmente pela menor cotação projetada para o real frente ao dólar. Além da expectativa de real mais valorizado até o final do ano, também contribuíram para reduzir a inflação projetada para o IPCA em 2025 a deflação mais acentuada dos preços no atacado agropecuário e industrial e a maior concorrência com produtos importados, repercutindo o avanço da deflação ao produtor na China", diz o boletim.
No cenário considerado, projeta-se redução da inflação de junho a agosto, reversão dessa trajetória em setembro por conta da saída dos efeitos do bônus de Itaipu, e nova redução em seguida, até dezembro. Para 2026, a projeção de IPCA se manteve praticamente constante, em 3,6%, dentro do intervalo da meta de inflação. “De 2027 em diante, espera-se convergência da inflação ao centro da meta”, enfatizou a SPE.

Fora da meta

A projeção é divulgada após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informar, ontem, que a inflação acumulada em 12 meses pelo IPCA atingiu 5,35% em junho - 0,85 ponto porcentual acima do teto da meta, que é de 3%.
Também ontem, o Banco Central divulgou carta aberta sobre o descumprimento da meta de inflação, a primeira carta escrita no regime de meta de inflação contínua. Pela nova regra, o cumprimento do alvo é apurado com base na inflação acumulada em 12 meses. Se a taxa ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, considera-se que o BC perdeu a meta.
A autoridade monetária reforçou, no entanto, o seu compromisso em promover a convergência no horizonte relevante da política monetária. "O compromisso do Banco Central é com a meta de inflação de 3,00%, e suas decisões são pautadas para que este objetivo seja atingido no horizonte relevante de política monetária", diz a carta, assinada pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo, e endereçada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. "O Banco Central se manterá atento à evolução das pressões inflacionárias e não hesitará em tomar medidas adicionais, caso julgue apropriado."
O decreto número 12.079, que estabeleceu a nova sistemática de meta de inflação contínua, estabelece que o BC deve divulgar publicamente as razões do descumprimento por meio de carta aberta e nota no  Relatório de Política Monetária (RPM). Sem fazer distinção entre os documentos, o decreto prevê que ambos devem conter a descrição detalhada das causas do descumprimento, as medidas necessárias para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo esperado para que as medidas produzam efeito.
No RPM do segundo trimestre, as estimativas apontam para um IPCA de 4,9% no acumulado de 12 meses até dezembro deste ano, e de 4,2% no fim do primeiro trimestre do ano que vem. A curva de projeções apresentada no RPM considera uma queda gradual da inflação em 12 meses, a 3,2% no fim de 2027. Ou seja, sem convergência do IPCA para o centro da meta em todo o horizonte.

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