Para Abrasel, bebidas adulteradas reforçam foco em fiscalização do setor

Envato

Paulo Solmucci, da Abrasel, o assunto tende a esfriar rapidamente com a falta de confirmação do risco de ser algo que possa se espalhar - Envato
Paulo Solmucci, da Abrasel, o assunto tende a esfriar rapidamente com a falta de confirmação do risco de ser algo que possa se espalhar
Por Fabiana Holtz fabiana.holtz@viva.com.br

Publicado em 02/10/2025, às 15h17 - Atualizado às 17h12

São Paulo, 02/10/2025 - A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) afirma que ainda não é possível mensurar o impacto econômico dos casos de intoxicação por metanol para o setor, mas a perspectiva é de que o assunto seja resolvido rapidamente. "Com tudo o que estamos vendo até o momento, não se confirmou a hipótese de ser algo endêmico. Parece-me que o assunto tende a esfriar rapidamente com a falta de confirmação do risco de ser algo que possa se espalhar. Provavelmente não teremos ocorrências nos bares, e se houver, cremos que será pontual", disse Paulo Solmucci, presidente executivo da entidade, em entrevista exclusiva ao Viva.
[Colocar ALT]
Impacto econômico no setor ainda é difícil de mensurar, diz Solmucci,da Abrasel - Foto: Divulgação
Segundo Solmucci, ainda não há relatos de queda relevante nas vendas, menos ainda no público dos bares. "Com exceção, talvez, em pontos específicos da região metropolitana de São Paulo, onde houve o fechamento de quatro bares", afirma. "Importante ressaltar que ainda não há nenhum caso de contaminação comprovada com origem no consumo em bares, somente um caso suspeito na cidade de São Paulo", ressalta.
Leia também: Bebida alcoólica adulterada: quais são os sintomas da intoxicação por metanol?
Para ele, por um lado, essa crise está chamando a atenção para a necessidade do combate ao mercado ilegal. "Espero até que esse alerta venha a favorecer as empresas sérias no médio prazo. No curto prazo, com certeza tem impacto negativo, mas ainda é difícil de dimensionar", afirma.

Recomendações da entidade

As recomendações da Abrasel, acrescenta Solmucci, valem para todos os estabelecimentos do setor, independentemente de serem associados ou não. "Como por exemplo, adquirir produtos de fornecedores confiáveis, com bom histórico de mercado; sempre exigir notas fiscais durante o processo de compra, além de se atentar a produtos que tenham valor muito abaixo do mercado". 
Outra recomendação é verificar lacres, rótulos e a qualidade do próprio líquido. E também promover o descarte correto das garrafas vazias de forma que sejam inutilizadas antes do descarte (principalmente das que têm maior valor agregado). 
Leia também: Intoxicação por metanol: clubes de SP suspendem venda de bebidas destiladas
Ao ser perguntado sobre a chance de adulteração das bebidas acondicionadas em lata, Solmucci observa que essas embalagens são muito mais difíceis de falsificar. "Produtos em lata em geral tem baixíssima chance de falsificação".

Atividades clandestinas

Sobre uma possível relação da desativação do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), em 2016, com os casos de intoxicação, a Abrasel segue alinhada com a visão do Ministério da Fazenda. "Sabemos que a falsificação não vem das grandes empresas formalizadas, alvo tradicional do Sicobe. A adulteração e a falsificação vêm de atividades clandestinas e criminosas", afirma.
Em nota divulgada ontem, o Ministério da Fazenda deixou claro que a desativação do Sicobe não tem qualquer relação com o atual episódio das bebidas adulteradas. "Isso porque esse sistema era obrigatório para cervejas, refrigerantes e águas, mas não para destilados como gins, vodkas, e nem whiskies", ressalta o ministério.
Solmucci reforça que as entidades do setor estão tomando medidas emergenciais para levar tranquilidade ao mercado e informação aos empreendedores, como um curso online sobre cuidados na compra e serviço de bebidas que já chegou a 10 mil estabelecimentos.

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias