Seis a cada dez indústrias brasileiras adotam economia circular, diz CNI

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Indústrias adotam práticas de economia circular

Por Letícia Naome, do Broadcast

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Publicado em 13/05/2025, às 07h40

São Paulo, 13/05/2025 - As práticas de economia circular são adotadas por 6 em cada dez indústrias brasileiras. As principais vantagens apontadas pelo setor são redução de custos operacionais, melhoria da imagem corporativa e estímulo à inovação. Os dados são de uma sondagem realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)junto a 1.708 empresas das indústrias extrativa, de transformação e da construção civil entre 3 e 5 de fevereiro deste ano.

Segundo a CNI, a adoção da economia circular na indústria “se traduz em práticas voltadas à retenção de valor dos materiais, reaproveitamento de insumos e redesenho dos processos produtivos.” O levantamento aponta que as ações mais adotadas são a reciclagem de produtos (34%), seguida de oferecimento e/ou reparo dos itens durante o uso (32%) e a utilização de recurso reciclado ou recuperado nos produtos (30%).

No que se refere aos setores industriais, alguns adotam a circularidade mais do que outros. Empresas de calçados (86%), Biocombustíveis (82%), equipamentos eletrônicos e veículos (ambos com 81%), coque e derivados de petróleo (80%) e celulose e papel (79%) aparecem com altas proporções de práticas circulares. Já entre os que apresentam índices menores, estão os segmentos farmacêutico (33%), de construção civil (39% a 42%) e impressão (40%).

Para Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI, os dados ajudam a dar um panorama sobre os setores que têm mais desafios, o que é importante para a discussão de “políticas adequadas para a maior disseminação da economia circular”, e o “alcance das metas climáticas e para o desenvolvimento sustentável”.

A pesquisa aponta que apesar de 62% das indústrias adotarem ao menos uma prática de economia circular, ainda existem desafios. Nos aspectos cultural e educacional, por exemplo, 43% das empresas dizem não identificar fatores que representam barreiras à circularidade. Na parte econômica, a taxa de juros para financiamento é o vilão, com 22% a apontando como obstáculo principal. Já no campo tecnológico, para 33%, a viabilidade econômica de tecnologias é o maior desafio.

Os resultados do levantamento serão apresentados durante a nona edição do Fórum Mundial de Economia Circular, que ocorrerá de 13 a 16 de maio em São Paulo. Muniz avalia que o evento é um “passo importante” para posicionar a economia circular em um “eixo estratégico” para as discussões na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá em Belém (PA) em novembro deste ano.

Economia circular, meio ambiente e negócios

A discussão sobre economia circular entra em pauta diante de um cenário em que é necessária a redução do uso de recursos para a sustentabilidade dos negócios. O Global Resources Outlook 2024 aponta que a extração de recursos naturais saltou de 30 toneladas em 1970 para 106 bilhões de toneladas. Se nenhuma medida for tomada em relação a isso, o valor pode ter um aumento de 60% até 2060.

Pensando nisso, adotar medidas circulares pode reduzir a necessidade de extração de recursos, geração de resíduos, bem como auxiliar a regenerar sistemas naturais, segundo a CNI. E não só ajudar o meio ambiente, a prática pode impactar positivamente as finanças do negócio.

A confederação traz em seu relatório um estudo da McKinsey de 2022, o qual aponta que a implementação de práticas circulares nas organizações pode reduzir os custos de produção em até 20% e aumentar a receita em até 15%. Além disso, de acordo com uma estimativa da Accenture de 2023, modelos de negócios circulares podem gerar até US$ 4,5 trilhões em valor econômico até 2030.

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