Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
[email protected]Você já teve a sensação de estar preso nas mesmas discussões com seu parceiro(a), como se estivessem em looping? Para muitos casais, até os menores desentendimentos parecem escalar rapidamente, deixando um rastro de mágoas não resolvidas. Mesmo nos períodos em que não há brigas explícitas, uma tensão silenciosa paira no ar, minando a leveza e a conexão no relacionamento.
Foi justamente esse padrão que motivou o terapeuta Phil Stark, especialista em relações, a propor uma abordagem inovadora e acessível. Em artigo ao CNBC, Stark compartilha a metáfora que tem transformado a dinâmica de muitos casais: a “conta bancária do relacionamento”.
Segundo Stark, todo casal deveria imaginar que possua uma conta conjunta, não de dinheiro, mas de recursos emocionais. Essa conta acumula “depósitos” feitos diariamente por meio de ações simples que mostram cuidado, presença e atenção. Quanto maior o saldo, maior a sensação de segurança e conexão. E mais importante: mais fácil lidar com os “débitos”: discussões, frustrações, imprevistos.
Por outro lado, quando o saldo está baixo, qualquer cobrança emocional, como uma crítica ou um desentendimento, pode gerar um “cheque especial” emocional, levando a brigas mais intensas e frequentes.
A chave está em fazer mais depósitos do que retiradas.
Para começar, o terapeuta recomenda que os parceiros conversem sobre o que os faz se sentir amados e valorizados. A partir daí, pequenas atitudes podem ser incorporadas no dia a dia, e têm efeito acumulativo surpreendente. Veja quatro estratégias eficazes:
A correria do dia a dia muitas vezes nos coloca lado a lado, mas não verdadeiramente conectados. Encontrar alguns minutos para um “check-in” genuíno pode fazer toda a diferença.
Pergunte como foi o dia, se algo anda preocupando seu parceiro ou se há algo que você possa fazer por ele. Esse momento de atenção total ajuda a restabelecer o vínculo e reforça a sensação de parceria.
Não é preciso esperar datas especiais para demonstrar afeto. Um abraço inesperado na cozinha, uma mensagem fofa durante o expediente ou um elogio sincero podem parecer pequenos, mas representam grandes depósitos na conta emocional.
Esses gestos sinalizam que o outro está sendo lembrado e valorizado até nos momentos mais triviais.
Em muitos relacionamentos, um dos parceiros costuma centralizar as decisões sobre passeios, viagens ou programas a dois. Quando o outro assume essa função ocasionalmente, seja marcando um jantar ou propondo um fim de semana fora. O gesto comunica algo valioso: “Eu te escuto, eu me importo”.
Embora a intimidade física seja importante, a conexão emocional vem primeiro. Estar presente, demonstrar cuidado e manter o vínculo afetivo são os verdadeiros alicerces de uma vida íntima satisfatória.
Quando há troca, atenção e reconhecimento no cotidiano, o sexo, quando acontece, ganha uma camada mais profunda de significado.
Stark alerta que muitos casais negligenciam os “depósitos” com o passar do tempo, acreditando que o relacionamento se mantém sozinho. Porém, quanto mais longa a relação, maior o risco de o saldo emocional entrar no vermelho.
Para evitar isso, o ideal é cultivar hábitos positivos mesmo nos períodos bons, assim, quando surgir uma crise, o casal terá “reservas emocionais” para atravessá-la com menos danos.
Embora muitos casais procurem a terapia focados na comunicação e na dinâmica do relacionamento, frequentemente o verdadeiro progresso acontece quando cada parceiro explora, individualmente, suas reações e padrões emocionais.
Segundo o próprio Phil Stark, ao Psychology Today, à medida que os conflitos de casal são analisados, torna-se evidente que algumas respostas emocionais têm raízes mais profundas, muitas vezes ligadas à história pessoal de cada um. Nesse ponto, o trabalho individual se torna essencial para compreender melhor os próprios sentimentos e aprender a expressá-los de forma clara e construtiva dentro do relacionamento.
Evitar brigas não depende de mudar o parceiro, mas de mudar o padrão. A proposta de Phil Stark é simples: alimentar o relacionamento com pequenos gestos consistentes, como se fosse uma conta bancária emocional.
No fim, essa prática pode transformar não só como casais lidam com conflitos, mas a qualidade da convivência como um todo.
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