Diagnóstico precoce é essencial para vencer o câncer de mama

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Câncer de mama atinge cerca de 73 mil mulheres por ano - Envato
Câncer de mama atinge cerca de 73 mil mulheres por ano

São Paulo, 01/10/2025 - Uma das grandes marcas do mês de outubro são as iniciativas de conscientização sobre o câncer de mama, relacionadas especialmente ao chamado Outubro Rosa. A ideia surgiu nos Estados Unidos, no início da década de 1990, pela Fundação Susan G. Komen, com o objetivo de informar sobre a prevenção da doença e a importância de obter um diagnóstico precoce.

Posteriormente, o Congresso Americano instituiu outubro como o mês dedicado ao tema. No Brasil, o movimento teve início com ações isoladas e, somente a partir de 2008, diversas cidades aderiram ao movimento e começaram a promover ações sobre o tema.

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De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), como o câncer ainda não é, na prática, uma doença de notificação obrigatória, o instituto dispõe de estimativasque são divulgadas a cada três anos. No triênio 2023/2025, o câncer de mama feminina é apontado como o mais incidente na população feminina do Brasil, ocupando o primeiro lugar (excetuando-se o câncer de pele não melanoma), com 73.610 novos casos em cada ano do triênio, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100.000 mulheres.

De acordo com Marcelo Bello, diretor do Hospital do Câncer III, o câncer de mama é uma doença multifatorial e é necessário dividir entre fatores de risco modificáveis e fatores de risco não modificáveis. Os mais importantes são os modificáveis. Já entre os não modificáveis, está o simples fato de ser mulher.

“Só esse fato já aumenta o risco de ter câncer de mama, porque é uma doença que praticamente só ocorre em mulheres. Existe entre homens também, mas a incidência é de cerca de 1%, ou até menos do que isso", afirma. Outro fator de risco é a idade, diz Bello:

“Quanto mais a idade aumenta, maior o risco de ter câncer de mama. Pacientes com história familiar desse tipo de câncer também podem ter um risco aumentado e, por isso, precisam ser bem avaliadas. Pacientes que começam a menstruar muito cedo e param de menstruar muito tarde também têm o fator de risco.”

O especialista pondera, no entanto, que o importante são os fatores modificáveis, aqueles que você pode alterar na sua vida, por exemplo, o excesso de peso. Ele explica que a gordura produz o hormônio estrogênio, que, quando está elevado, causa inflamação e gera um fator de risco.

“Se a paciente emagrece, reduz esse risco. Sedentarismo também é um fator de risco para câncer de mama. Quem faz atividade física regular não só ajuda a manter o seu peso adequado como também reduz o risco de ter câncer de mama. Não precisa ser um atleta, e sim manter uma constância, com cerca de 30 minutos por dia. O consumo de bebida alcoólica também é preocupante. Em torno de 4% dos casos são atribuídos ao consumo de álcool. Então, a dica é moderar o consumo”, orienta, ressaltando que 4% dos casos é equivalente a 74 mil novos casos atribuídos a bebida alcoólica.

Outro ponto de atenção, segundo Bello, é a dieta. “O excesso de comidas processadas, de gorduras saturadas, a falta de ingestão de frutas, de verduras, de fibras, enfim, uma dieta irregular, é também um fator de risco para câncer de mama, até porque leva à obesidade", afirma.  

Riscos não modificáveis para o câncer de mama

  • Gênero: mulheres têm mais chances de desenvolver o câncer de mama do que homens;
  • Idade: a maioria dos casos ocorre acima dos 50 anos;
  • Genética: cerca de 5% a 10% dos casos são hereditários. Além disso, o risco da doença é maior para mulheres que têm ou tiveram parentes de primeiro grau, como mãe, irmã ou filha, com câncer de mama;
  • Primeira menstruação antes dos 12 anos: mulheres que tiveram mais ciclos menstruais foram mais expostas aos hormônios femininos e, por isso, podem ter mais chance de desenvolver a doença;
  • Primeira gravidez após os 30 anos: a gravidez tardia aumenta o risco do câncer de mama;
  • Menopausa após os 55 anos: é o mesmo caso da menstruação precoce. Quanto mais ciclos menstruais, mais exposição aos hormônios femininos.

Riscos modificáveis para o câncer de mama

  • Consumo de álcool;
  • Tabagismo;
  • Sedentarismo;
  • Sobrepeso ou obesidade;
  • Terapia hormonal;
  • Anticoncepcionais hormonais;
  • Exposição à radiação ionizante ou ultravioleta;
  • Não ter amamentado.

Diagnóstico precoce

A doutora Cicília Marques, oncologista clínica no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), ressaltou a importância de um diagnóstico precoce do câncer de mama. Quanto antes se descobre a doença, maiores são as chances de tratamento e cura. Ela também comemora a iniciativa do Ministério da Saúde que passou a garantir o acesso ao exame de mamografia no SUS a mulheres de 40 a 49 anos mesmo sem sinais ou sintomas de câncer – antes só era permitido a partir de 50 anos. Essa nova faixa etária concentra 23% dos casos da doença e a detecção precoce aumenta as chances de cura.

A medida faz parte de um conjunto de ações anunciadas no dia 23 de setembro pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, voltado à melhoria do diagnóstico e assistência, com início do atendimento móvel em 22 estados pelo Agora Tem Especialista e da oferta de medicamentos mais modernos.  

“Nós não queremos que nenhuma mulher tenha câncer de mama, mas se tiver, que não seja descoberto num estágio mais avançado. Nós sabemos que a mamografia consegue fazer a detecção precoce, e isso significa o aumento de taxas de cura para nossa paciente. Quanto mais precocemente a gente conseguir fazer com que as mulheres tenham acesso à mamografia, mais conseguiremos ganhar em anos de vida para elas”, explica a oncologista.

A doutora afirma que a comunidade médica ficou “extremamente feliz” com a redução de idade para a mamografia. “Toda a sociedade médica de oncologistas, mastologistas estão extremamente felizes com essa decisão. Conseguimos com que as nossas pacientes acima de 40 anos de idade tenham acesso ao rastreamento”, comemora, lembrando ainda que também houve aumento na idade máxima, que passou de 69 para 74 anos.

“A mamografia agora vai ser feita até os 74 anos de idade. Mais de 60% dos casos de câncer de mama estão dentro da faixa etária entre 50 e 74 anos, foi um ganho muito maior.”

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Marques, que também faz parte de alguns projetos de pesquisa dentro do IBCC, ressalta o avanço no tratamento da doença. Ela lembra que, devido ao avanço da tecnologia, hoje é possível identificar pequenas diferenças entre os tipos de cânceres, o que permite um tratamento personalizado para cada tipo de tumor.

No entanto, ainda é necessário maior acesso as novas drogas. “Se a gente conseguisse fazer com que as nossas pacientes tivessem acesso às medicações que são aprovadas, que já foram estudadas e já estão disponíveis no Brasil, seria maravilhoso”.

Recebi o diagnóstico, o que fazer?

A médica dá dicas do que fazer ao receber o diagnóstico de câncer de mama.

- Tente ter uma alimentação o mais saudável possível, sem muitas restrições, basta restringir aquilo não é bom nutricionalmente;

- Beba bastante água, sucos naturais, água de coco, é importante estar bem hidratada durante o período do tratamento;

- Cuide de toda a pele durante a exposição solar, especialmente após perda de pelos e cabelos, para evitar manchas;

- Pratique exercício físico, isso é fundamental. Comece com as caminhadas na rua ou esteira, ou mesmo uma atividade em grupo, como dançar.

“O importante é colocar o corpo para movimentar, isso realmente tem impacto na redução dos efeitos colaterais da quimioterapia. Além disso, a gente vai condicionando o corpo a perder peso, especialmente nas pacientes que estão acima do peso”, explica.

A médica Cicília Marques, oncologista clínica no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), deixou uma mensagem para as mulheres que estão enfrentando este desafio. 

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