IA eleva em 22% a precisão no diagnóstico do câncer de mama, aponta estudo

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IA eleva precisão do diagnóstico do câncer de mama e pode salvar vidas. - Foto: Envato Elements
IA eleva precisão do diagnóstico do câncer de mama e pode salvar vidas.

Por Beatriz Duranzi

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Publicado em 11/06/2025, às 14h03

Um estudo multinacional apresentado no Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) 2025 revelou que o uso de inteligência artificial (IA) pode melhorar em 22% a precisão no diagnóstico de câncer de mama com expressão HER2 baixa ou ultrabaixa. O trabalho envolveu pesquisadores de 10 países, incluindo o Brasil. 

O foco foi na interpretação desses tumores, que exibem níveis discretos da proteína HER2, um marcador central no crescimento celular e alvo de terapias específicas. Antes, esses casos eram frequentemente classificados como HER2 negativo, o que poderia privar pacientes de tratamentos eficazes.

A plataforma ComPath Academy, uma ferramenta digital com IA, foi testada por 105 patologistas de 10 países que analisaram 20 imagens digitais de biópsias por imunohistoquímica (IHC). Sem IA, a sensibilidade estava em torno de 76%, e a precisão geral de 66,7%. Com suporte da IA, esses números saltaram para 90% e 88,5%, respectivamente, uma melhoria de 22 pontos na precisão geral.

A IA reduziu o erro de classificação de casos ultrabaixos como HER2-nulos de 29,5% para apenas 4%.

Implicações no tratamento

A detecção correta desses subtipos é crucial porque 55% dos casos são HER2-baixo e 10% são ultrabaixo. Muitos desses pacientes deixavam de receber terapias baseadas em anticorpos conjugados com drogas (ADC), como o trastuzumabe deruxtecana. 

A pesquisadora líder, Marina De Brot, do A.C. Camargo Cancer Center, comentou que a IA “ajuda a fechar uma lacuna diagnóstica” e abre portas a tratamentos de alto impacto que antes não estavam disponíveis para uma parcela significativa das pacientes.

Caminho para uso clínico

Os pesquisadores preveem a introdução gradual da IA nos laboratórios, com estudos multicêntricos previamente à adoção em rotina. O objetivo é avaliar como o suporte tecnológico impacta decisões clínicas, tempo até o início do tratamento e desfechos das pacientes.

Além disso, espera-se ampliar o acesso à plataforma ComPath Academy em todo o mundo e construir bancos de dados interoperáveis para treinar ainda mais o sistema.

O papel relevante da IA

  • Diagnósticos mais confiáveis: a IA minimiza a subjetividade humana e melhora a concordância entre os laudos.
  • Tratamentos mais precisos: pacientes corretamente identificadas como HER2-baixo ou ultrabaixo passam a ter acesso a medicamentos como trastuzumabe deruxtecana.
  • Tecnologia como aliada, não substituta: especialistas enfatizam que o objetivo não é tirar o papel do patologista, mas ampliar sua capacidade diagnóstica.

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