Foto: Divulgação
São Paulo, 21/10/2025 - Durante abertura do XVIII Fórum da Longevidade do Grupo Bradesco Seguros, o médico gerontólogo e presidente do ILC Brazil, Alexandre Kalache, ressaltou que o único grupo de pessoas que está crescendo e vai continuar nos próximos anos é o grupo dos 60+. De acordo com ele, em 2015 havia 28 milhões de pessoas com mais de 60 anos e, em 2065 serão 78 milhões. Por outro lado, a fecundidade passou de 5,67 filhos por mulher em 1975, para 1,9 em 2000.
É importante se preparar para esta fase da vida, se você tem 60 anos hoje, você ainda tem um terço de vida para viver. Se você tem 25 anos, você será a pessoa de 60 anos em 2065. O quanto antes você começar a se preparar, melhor você vai estar quando chegar nesta fase”.
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Ele lembrou ainda que as famílias estão crescendo verticalmente – antes era um movimento horizontal, famílias grandes que cuidam um dos outros e dos idosos. “No meu tempo de vida eu vi e experimentei essa redução, isso é movimento. Na minha infância e na adolescência eu estava sempre cercado por primos, hoje meus netos terão um ou nenhum primo. Com primos você brinca, briga e aprende. Eu também era cercado de pessoas idosas, minha bisavó teve 17 filhos, eu ouvia muita história, e aprendi muito, isso é longevidade”, disse.
Kalache ressalta que a longevidade com qualidade não é uma realidade para todos, e que é necessário políticas públicas para que isso aconteça. Ele lembra que quando era diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi lançado o marco político do envelhecimento ativo, e houve um debate sobre o nome.
“Eu tive que debater muito porque queriam chamar de saudável, mas eu acho muito estreito. Parece que se você não tiver doença, você vai envelhecer bem". Ele ponderou que, num país desigual, num país onde a população muitas vezes está sofrendo e envelhecendo em pobreza, é difícil ter longevidade.
“Mas o brasileiro é teimoso, ainda assim envelhece. Você tem que ter um teto de cima da cabeça, comida na prateleira, não adianta ter apenas um celular na sua mão - o País, tem mais celulares do que gente, 1,3 celular por pessoa. Mas um terço da população não tem esgoto sanitário. Literalmente, você pode ter um celular na mão e os pés no esgoto. Então, a política pública tem que colocar ênfase na oportunidade, é um grande desafio”, defendeu.
O gerontólogo falou ainda sobre a violência vivida no País. “Se você for mulher, você sente ainda mais insegurança. A gente tem que contemplar toda essa interseccionalidade, todos os setores têm que estar presentes e estimular uma coisa que eu acho fundamental, e que está na minha prática de todo dia no meu trabalho: harmonia intergeracional. Uma coisa que combina bem e tem que estar no cerne da política pública, é que a palavra que melhor rima com longevidade é solidariedade e a melhor rima com solidariedade é intergeracionalidade”, conclui.
Na apresentação de hoje, Kalache encerrou seus comentários, dizendo: deixo uma mensagem de peito aberto – abriu sua camisa e leu a frase que estava na camiseta: Minha idade não me define.
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