Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 21/10/2025 - Um novo estudo internacional alerta que as mortes provocadas pelo calor excessivo do planeta podem mais do que dobrar até meados da década de 2050, caso o ritmo atual de aquecimento global e envelhecimento populacional se mantenha.
O estudo foi realizado em parceria com o projeto Mudanças Climáticas e Saúde Urbana na América Latina (Salurbal-Clima) e está disponível na revista eletrônica Environment International.
Atualmente, o calor extremo já é responsável por cerca de 1 em cada 100 mortes na região. Em vinte anos, essa proporção pode saltar para mais de 2 em cada 100, segundo o levantamento que analisou 326 cidades de nove países, entre eles Brasil, Argentina, Chile, México, Peru e Costa Rica.
O estudo considera cenários moderados de aumento da temperatura global, entre 1°C e 3°C, para o período de 2045 a 2054. Mesmo nessas condições, o impacto sobre a saúde pública seria significativo, sobretudo entre idosos e populações de baixa renda.
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Em entrevista à Agência Brasil, Nelson Gouveia, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e um dos autores do estudo, diz que desigualdade social agrava os efeitos do calor extremo.
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A participação brasileira no estudo foi baseada em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do DataSUS, e em informações do Censo Demográfico do IBGE.
Os resultados apontam que, assim como em outros países latino-americanos, o Brasil deve registrar um aumento expressivo nas mortes relacionadas a temperaturas extremas, tanto pelo calor quanto pelo frio, com destaque para a próxima geração de idosos.
Entre 2045 e 2054, a proporção de pessoas com mais de 65 anos será significativamente maior, ampliando o grupo mais vulnerável a esses eventos climáticos.
Os pesquisadores afirmam que ainda é possível evitar parte dessas mortes se os governos e cidades latino-americanas implementarem políticas de adaptação climática de forma urgente. Entre as medidas sugeridas estão:
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O estudo reúne cientistas de nove países da região e dos Estados Unidos. A iniciativa, com duração prevista de cinco anos (2023 a 2028), busca produzir evidências científicas sobre os impactos do clima na saúde e orientar políticas públicas de mitigação e adaptação nos grandes centros urbanos latino-americanos.
Os pesquisadores destacam que, embora o cenário seja preocupante, ações coordenadas entre governos, academia e sociedade civil podem salvar milhares de vidas.
O desafio, segundo eles, é transformar o conhecimento científico em medidas práticas e urgentes para proteger as populações mais vulneráveis dessas ondas de calor que podem atingir o mundo nos próximos anos.
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