São Paulo, 21/10/2025 - A diversidade tem avançado dentro das empresas, com mais destaque para a presença das mulheres em cargos dentro dos conselhos e diretorias estatutárias, que é a maior em cinco anos. A representatividade racial e de pessoas com deficiência, no entanto, ainda é baixa. Segundo o levantamento '
Lideranças Plurais', divulgado pela B3 e feito em parceria com o Instituto Locomotiva, 77% das empresas ouvidas estão adequadas aos critérios de diversidade previstos no Anexo ASG. O estudo consultou 341 empresas listadas.
O Anexo ASG faz parte do regulamento de emissores da B3 e contempla medidas que foram propostas pela instituição e aprovadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2023, para estimular a diversidade de gênero e a presença de grupos sub-representados em cargos de alta liderança. As empresas tiveram dois anos de prazo para adaptação e as que não implementaram a medida de diversidade podem apresentar suas justificativas, no modelo conhecido como “pratique ou explique”.
Apesar de ainda distante do ideal, a pesquisa aponta que a presença de grupos sub-representados na alta gestão cresceu em relação ao ano passado. Nas diretorias estatutárias, a representatividade desses grupos avançou de 47% para 52% em 2025. Nos conselhos de administração, a presença subiu de 66% para 69%.
Entre 2021 e 2024, o levantamento se chamava “Mulheres em Ações” e trazia apenas números sobre a presença feminina. Em 2025, a pesquisa foi rebatizada como “Lideranças Plurais”.
Mulheres e diversidade racial
De acordo com o estudo, atualmente, 65% das empresas contam com ao menos
uma mulher no conselho de administração. Esse é o melhor índice alcançado pelo público feminino desde que a B3 começou a medir o indicador, em 2021, e elas estavam em 55% dos conselhos.
Já dentro das diretorias estatutárias, de cada 100 empresas listadas, 46 possuem ao menos uma mulher. Essa também é a maior proporção nos cinco anos de monitoramento. Quando o estudo começou a ser feito pela B3, em 2021, eram apenas 39%.
Flavia Mouta, diretora de Emissores da B3, aponta avanços importantes no estudo, mas pondera que ainda é preciso avançar nesse tema.
"É importante que todos entendam que uma liderança mais diversa fortalece a competitividade e a resiliência das companhias, traz diferentes perspectivas e decisões mais bem-informadas, além de atratividade de talentos e benefícios para a reputação”, observa.
Apesar dos avanços verificados na diversidade de gênero, os dados apontam que a ampliação da representatividade racial e de pessoas com deficiência continua a ser um desafio.
No balanço sobre raça e cor, que passou a ser tabulado em 2023 nos Formulários de Referência, somente 17% das companhias declararam contar com pelo menos um integrante pardo em sua diretoria estatutária, e 1% declarou a presença de pessoas pretas. No ano anterior, esses números eram de 12% e 1%, respectivamente.
Somado a isso, 74% das diretorias estatutárias das empresas listadas são compostas por três ou mais pessoas brancas. Nos conselhos de administração, 17% das empresas declaram ter ao menos uma pessoa parda, enquanto a presença de pessoas pretas também foi de 1%. Em 2024, esses percentuais eram, respectivamente, de 12% e 3%.
Pela primeira vez, o levantamento também reuniu dados sobre a presença de pessoas com
deficiência em posições de alta liderança das empresas listadas, revelando que somente 3% delas contam com ao menos um membro PCD em seus conselhos ou diretorias estatutárias.