São Paulo, 21/10/2025 - Embora dados sobre envelhecimento da população apontem para um número maior de pessoas vivendo mais anos de vida, esses anos não necessariamente estão ligados à qualidade e bem-estar. Essa contradição entre longevidade e anos vividos com saúde foi o tema central da apresentação do consultor de saúde e estilo de vida Márcio Atalla durante XVIII Fórum da Longevidade, realizado nesta terça-feira em São Paulo pelo Grupo Bradesco Seguros.
Durante sua palestra, ele destacou que fatores genéticos desempenham um papel importante na saúde ao longo da vida, mas que os fatores ambientais, campo de estudo da epigenética, têm um papel ainda mais relevante.
"Longevidade não é viver mais, é viver bem e o máximo de tempo possível com qualidade, e isso está atrelado ao nosso estilo de vida."
Atalla, que ficou conhecido nacionalmente com o quadro 'Medida Certa', no Fantástico, salientou que apesar do amplo acesso a informações sobre o que fazer para manter a qualidade de vida, 72% dos brasileiros reportam dormir mal, 70% da população está acima do peso e uma alarmante maioria é sedentária.
A reflexão foca no dilema entre o conhecimento e a prática. Apesar de saber que atitudes como não levar o celular para a cama antes de dormir e moderar a ingestão de alimentos são benéficas, muitos não aplicam essas práticas, em razão de influências ambientais e comportamentais, salientou em sua apresentação. "O ambiente em que vivemos estimula o tempo inteiro, e, no automático, nosso cérebro responde a esses estímulos."
Nesse sentido, Atalla destacou a necessidade de inserir hábitos saudáveis na rotina, desde fazer escolhas alimentares mais saudáveis a subir a escada em vez de pegar o elevador. "O grande lance é criar o hábito através de pequenas mudanças consistentes", destacou, observando que embora as pessoas saibam que fazer academia é saudável, 64% desistem nos três primeiros meses, segundo dados da Associação Brasileira de Academias.
Além das questões de saúde física, Atalla mencionou a importância do propósito e da convivência em grupo e disse que sentir-se útil e conectado socialmente faz toda a diferença para a longevidade. "Hoje a gente está mais preguiçoso, vemos menos as pessoas, fazemos quase tudo sozinhos, a gente vive menos em grupo", completou, frisando que pesquisas internacionais já demonstraram que viver em comunidade promove mais bem-estar.