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Por Bianca Bibiano, com informações do Estadão Conteúdo
[email protected]São Paulo, 29/05/2025 - O Sul do País registrou a primeira queda de neve do ano na manhã desta quinta-feira. A temperatura extrema afeta principalmente as regiões de serra no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A cidade de São José dos Ausentes, ponto mais alto do RS, registrava sensação térmica de 13 graus negativos, enquanto os termômetros marcavam -2ºC quando os primeiros flocos de neve começaram a cair. Os municípios de Bom Jesus e Cambará do Sul também tiveram a paisagem afetada pela mudança drástica do clima.
Segundo a MetSul Meteorologia, a queda dos flocos de neve é resultado da intensa massa de ar polar que ingressou no Sul do País na quarta, 28, e avança em direção ao Sudeste. A cidade de São Paulo, por exemplo, registrou nesta quinta-feira a menor temperatura do ano até o momento. De acordo com a Defesa Civil do Estado paulista, às 7 horas foi observada a mínima de 12,4°C no Mirante de Santana, principal estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) que fica na zona norte da capital paulista.
O avanço da frente fria já havia sido notificado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no início da semana, destacando os riscos para a saúde pública, especialmente entre populações mais vulneráveis e em situação de rua.
O frio intenso não apenas causa desconforto, mas também está associado a um aumento significativo de doenças respiratórias, como gripes, resfriados, bronquites e pneumonias, além de agravar condições cardiovasculares. Dados indicam que, entre 1997 e 2018, o Brasil registrou mais de 113 mil mortes atribuídas ao frio, representando cerca de 4,1% das mortes notificadas em 18 cidades durante esse período. Esses números evidenciam a gravidade dos impactos das baixas temperaturas na saúde pública, especialmente entre populações vulneráveis como idosos, crianças e pessoas em situação de rua.
De acordo com Marcelo Augusto Okamura, diretor de growth emergency do Grupo MED+, o corpo humano sofre alterações significativas diante de variações bruscas de temperatura e exige atenção redobrada. “A exposição prolongada ao frio intenso compromete os mecanismos de termorregulação do organismo, podendo levar à hipotermia, que ocorre quando a temperatura corporal central cai abaixo de 35 °C. Esse estado afeta o metabolismo celular, reduz a perfusão sanguínea periférica e pode comprometer funções neurológicas e cardíacas”, alerta.
Okamura ainda reforça que os grupos mais suscetíveis aos efeitos do frio devem receber atenção especial da sociedade e das autoridades.
“Idosos a partir de 60 anos, crianças pequenas, especialmente aquelas com menos de 5 anos, e pessoas em situação de vulnerabilidade enfrentam maiores dificuldades para manter o corpo aquecido".
O médico menciona dados mostrando aumento de mortes entre idosos durante ondas de frio pode variar entre 20% e 30%, dependendo da região. "Além disso, muitos não têm acesso a condições adequadas de abrigo e vestuário. Em casa, medidas simples como uma alimentação balanceada, boa hidratação e reforço nos cuidados com a higiene podem fazer a diferença”, observa.
Ele explica que o ar frio e seco atua como fator irritativo para as vias aéreas, desencadeando ou agravando doenças respiratórias como asma e bronquite crônica. Em pacientes cardiopatas, o frio pode provocar vasoconstrição periférica, aumento da pressão arterial sistêmica e maior risco de eventos isquêmicos, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Mudanças bruscas de temperatura devem ser evitadas, principalmente ao sair de ambientes aquecidos, protegendo o corpo contra choques térmicos.
O médico alerta ainda que, além dos problemas clínicos, o frio também pode gerar comportamentos de risco, como o uso inadequado de equipamentos de aquecimento em ambientes fechados. Fogareiros, lareiras e aquecedores sem ventilação adequada podem provocar intoxicação por monóxido de carbono, um gás inodoro e letal.
A recomendação é utilizar cobertores, vestir-se em camadas, com o uso de luvas, meias e gorros, e manter os ambientes bem ventilados. “A baixa umidade do ar também favorece infecções respiratórias, sendo importante manter a hidratação constante, cuidar da alimentação e evitar aglomerações em locais fechados”, completa Okamura.
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