Daniel Torok/White House
Por Equipe Broadcast
[email protected]Nova York e São Paulo, 22/06/2025 - Na noite do último sábado, 21, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em pronunciamento oficial na Casa Branca, afirmou ter feito um ataque bem-sucedido a três bases nucleares do Irã. "O Irã, o valentão do Oriente Médio, deve agora fazer a paz. Se não o fizerem, futuros ataques serão muito maiores e muito mais fáceis", disse Trump.
Em um rápido discurso, de menos de quatro minutos, o presidente americano voltou a fazer novas ameaças ao Irã caso o conflito com Israel não termine. "Isso não pode continuar. Haverá paz ou haverá uma tragédia para o Irã, muito maior do que testemunhamos nos últimos oito dias. Lembre-se, há muitos alvos restantes", afirmou.
O ataque teria sido direcionado às bases Fordow, Natanz e Esfahan. "Os ataques foram um sucesso militar espetacular", avaliou, durante o pronunciamento. Ele reiterou na rede Truth Social que qualquer retaliação do Irã contra os Estados Unidos "será enfrentada com uma força muito maior do que a que foi vista esta noite".
O presidente do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, Dan Caine, disse que poucas pessoas em Washington sabiam dos detalhes dos ataques ao Irã, realizados neste sábado. A operação de ontem foi chamada de ‘Midnight Hammer’.
“Esta operação foi projetada para degradar severamente a infraestrutura de armas nucleares do Irã”, afirmou Caine, em coletiva de imprensa, nesta manhã. “Esta foi uma missão altamente secreta, com pouquíssimas pessoas em Washington”, acrescentou.
A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez pediu um processo de impeachment contra o presidente Donald Trump por atacar o Irã sem a "autorização" do Congresso dos Estados Unidos. O pedido foi feito por meio de uma postagem na sua rede do X.
O movimento difere do senador democrata John Fetterman, da Pensilvânia, um defensor declarado de Israel, que também se juntou aos republicanos congressistas e elogiou os ataques ao Irã. "O Irã é o maior patrocinador mundial do terrorismo e não pode ter capacidades nucleares", postou.
O presidente do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos Estados Unidos, Dan Caine, afirmou que os EUA não têm conhecimento de qualquer retaliação aos ataques ao Irã realizados ontem.
Confira a repercurssão internacional aos ataques:
O Ministério das Relações Exteriores do Irã condenou neste domingo o que classificou como "um ataque militar selvagem dos Estados Unidos contra instalações nucleares pacíficas" no país. Em comunicado, Teerã afirmou que o bombardeio revelou uma "colaboração criminosa" entre Washington e Tel Aviv. "O regime belicista e fora da lei dos EUA é o responsável pelas consequências extremamente perigosas desse grande crime", declarou.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araghchi, voltou a afirmar que o país está disposto a considerar um retorno ao processo diplomático com o Ocidente apenas se cessarem os ataques contra Teerã. "Devemos esperar, ter paciência e reagir de maneira apropriada às agressões. Somente se essas ações forem interrompidas é que tomaremos decisões sobre os caminhos diplomáticos e a possibilidade de retomar os diálogos", escreveu em publicação no X..
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores do país persa, Seyed Abbas Araghchi, afirmou que os EUA cruzaram todas as "linhas vermelhas" nos ataques de ontem.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou a discursar na madrugada deste domingo (horário local). "Na operação, conseguimos, juntos, conquistas sem precedentes na história de Israel" disse, em referência aos ataques dos Estados Unidos ao Irã, lembrando da sua promessa no início do conflito, de que as instalações nucleares iranianas seriam destruídas, de uma forma ou de outra. "Esta promessa foi cumprida".
Segundo ele, em total coordenação com o presidente Donald Trump, e plena coordenação operacional entre as Forças de Defesa de Israel e o exército americano, os EUA atacaram as três instalações nucleares do Irã: Fordow, Natanz e Isfahan.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) informaram que, entre a madrugada e a manhã deste domingo, mísseis e veículos aéreos não tripulados (UAVs) foram lançados do Irã em direção ao território israelense. Sirenes soaram em diversas regiões do país, acionando os sistemas de defesa aérea para conter os ataques.
Segundo os militares, cerca de 30 drones foram interceptados pela Força Aérea de Israel (IAF) e pela Marinha durante a noite.
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) condenou, em comunicado, “nos termos mais veementes”, os ataques dos Estados Unidos contra o território e a soberania da República Islâmica do Irã ocorridos ontem.
“Essa agressão brutal constitui uma escalada perigosa, um alinhamento cego às agendas da ocupação sionista fora da lei, uma violação flagrante do direito internacional e uma ameaça direta à paz e à segurança internacionais”, afirmou o grupo em nota.
Ao condenar o ataque, o Hamas afirma considerar um exemplo gritante da “política de imposição da hegemonia pela lógica da força, uma agressão baseada na lei da selva, em contradição com todas as normas e convenções internacionais”.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia condenou hoje os ataques aéreos realizados pelos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas, classificando-os como “uma grave violação do direito internacional, da Carta da ONU e de resoluções do Conselho de Segurança”.
Em comunicado publicado no Telegram, o governo russo alertou para possíveis consequências “radiológicas” e afirmou que os bombardeios representam “uma escalada perigosa, com potencial para minar ainda mais a segurança regional e global”.
O governo da China condenou os ataques realizados pelos Estados Unidos contra instalações nucleares no Irã, classificados como uma "grave violação dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional". O país ainda apelou para que as partes envolvidas no conflito, "em especial Israel", cessem o fogo "o quanto antes".
As declarações foram feitas neste domingo por um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores em resposta a uma pergunta sobre a ofensiva americana contra os complexos de Fordow, Natanz e Isfahan. Pequim destacou que as instalações atingidas estão sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e criticou a ação por "intensificar a tensão no Oriente Médio".
O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou em sua conta no X que, após os ataques noturnos dos Estados Unidos contra o Irã, fez um apelo à interrupção da escalada e ao máximo de moderação por parte do Irã neste “contexto perigoso”, a fim de permitir um retorno ao caminho diplomático.
No entanto, Macron destacou que o Irã deve firmar um compromisso claro de renunciar às armas nucleares, ou poderá enfrentar retaliações na região. “Diálogo, um compromisso claro do Irã de renunciar à arma nuclear, ou o risco do pior para toda a região. Esse é o único caminho que leva à paz e à segurança de todos”, escreveu o presidente francês.
Ele disse ainda que falou nesta manhã com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, o sultão de Omã, o presidente dos Emirados Árabes Unidos e o emir do Catar para expressar sua solidariedade e que, ao presidente iraniano, reiterou sua exigência: a libertação imediata dos franceses Cécile Kohler e Jacques Paris.
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