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Por Gabriel Hirabahasi, do Broadcast
[email protected]Brasília, 23/04/2025 - O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, disse nesta quarta-feira, 23, que as 11 entidades que estão no foco da investigação sobre desvio de dinheiro de beneficiários do INSS concentram 80% de todo o volume desse tipo de desconto dentre todos os aposentados.
A investigação, comandada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, apura desvio bilionário de dinheiro de aposentados. Os investigadores suspeitam que entidades de aposentados fraudavam assinaturas de pensionistas e os tornava associados delas, sem que eles soubessem disso. O pagamento da aposentadoria, então, era feito com alguns descontos. Esse dinheiro, sem o conhecimento dos aposentados, ia para essas entidades.
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, ao lado dos ministros da Justiça, Ricardo Lewandowski, e da Controladoria-Geral da União, Vinicius Carvalho, e do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o ministro Carlos Lupi disse não saber quantas ações existem no Brasil para reivindicar esses recursos.
"Não sei a quantidade de ações, porque isso está espalhado no Brasil todo. São 13 (entidades) investigadas, 11 denunciadas. Só essas 11 têm 80% do volume total de descontos dos aposentados", declarou. O ministro disse, porém, que, "com a plataforma digital do INSS, mais de 180 mil aposentados cancelaram os descontos pelo sistema".
O ministro disse que não deve haver tempo hábil para que os descontos nas aposentadorias sejam cancelados já na próxima folha de pagamentos. "Isso depende de uma avaliação com a Dataprev sobre o prazo de rodar a folha. Acho que não terá tempo de tirar o desconto para este mês. Tenho de conversar com a Dataprev para saber se será possível evitar para este mês", declarou.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, frisou, porém, que, mesmo que haja o desconto na folha, o dinheiro não será direcionado às entidades investigadas mais.
Carlos Lupi, disse que a indicação de Alessandro Stefanutto para a presidência do INSS é de sua "inteira responsabilidade", mas evitou falar se ele seria demitido. O ministro, no entanto, afirmou que terá de indicar um substituto enquanto Stefanutto está afastado, por decisão da Justiça.
"A indicação do doutor Stefanutto é de minha inteira responsabilidade. Ele é procurador da República, um servidor que, até o presente momento, tem me dado todas as demonstrações de ser exemplar. Fez parte do grupo de transição do governo. Vamos agora no processo, que corre em segredo de justiça, esperar as investigações que estão em curso", disse Lupi.
"Ele foi afastado pela justiça, enquanto isso terei de colocar, conversarei com o presidente Lula, alguém para responder. Alguém vai responder, porque não posso deixar acéfala a instituição. Alguém vai responder até a decisão final da justiça", declarou.
O ministro também cobrou que seja garantido ao seu aliado o amplo direito de defesa. "Vamos aguardar o desfecho do processo com os cuidados devidos, para garantir o amplo e total direito de defesa aos cidadãos, para que a gente não coloque essas pessoas para queimar em uma fogueira sem antes dar-lhes o direito de defesa e saber do que realmente estão sendo acusados".
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