INSS não ganha nada com intermediação de descontos, diz Wolney Queiroz

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Por Luiz Araújo, do Broadcast

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Publicado em 29/05/2025, às 09h34 - Atualizado às 09h51

Brasília, 29/05/2025 - O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, disse que o governo federal discute, em paralelo ao Congresso Nacional, o fim total das intermediações de descontos em folhas de pagamento de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

“Existe quem, no governo, defenda que o governo saia disso (intermediações), que o INSS não é instituição financeira e, portanto, saia desse risco. Se seguir, terá de ser de forma mais segura”, afirmou Wolney ao “Bom Dia, Ministro”, programa de entrevista do governo com participação de veículos de imprensa de diferentes regiões do País.

Para o ministro, que assumiu o cargo há menos de um mês após o escândalo dos descontos revelados por investigação da Polícia Federal (PF), a intermediação de descontos não traz nenhuma vantagem ao INSS. “O INSS não é remunerado para isso e quando acontece um fato como esse, acaba atingindo a credibilidade do INSS e do Ministério da Previdência.”

Até o momento, cerca de 9 milhões de aposentados e pensionistas foram notificados a se manifestarem se descontos em suas folhas de pagamento foram previamente autorizados. Outros 27 milhões foram notificados de que não tiveram descontos feitos por associações credenciadas junto ao INSS.

“São 41 associações que têm acordos celebrados com o INSS. A partir deste momento, suspendemos todas. Agora, vamos fazer pente fino e, ao final, vamos separar o joio do trigo”, afirmou Wolney Queiroz. Segundo o ministro, há associações com histórico de décadas de boa relação com associados. “Ficarão poucas e boas”, disse.

Apesar de apontar para um possível fim completo às intermediações de descontos, Wolney Queiroz defendeu que, no caso de descontos por crédito consignado, entende que devem ser mantidos, mas com maior rigor do sistema bancário. “Se Congresso decidir encerrar com descontos em folha, vamos acatar, mas dificultaria acesso a crédito”, afirmou.

Governança

O ministro  prometeu mudanças na governança do INSS, como reformulação nos assentos do Conselho de Recursos da Previdência Social e no acesso ao banco de dados dos 40 milhões de aposentados e pensionistas do País.

“Abrimos mão de cadeiras no Conselho que eram ocupadas pela Previdência e chamamos outros ministérios que achamos importante a participação”, disse. As quatro cadeiras desocupadas foram ou serão assumidas por pastas como o Ministério da Fazenda e o Ministério do Planejamento e Orçamento.

Outra medida já adotada foi a restrição ao banco de dados dos associados ao INSS, afirmou o ministro. “Quando assumi, eram mais de três mil senhas de acesso. Hoje, acho que são 13”, disse. O maior cuidado serve, segundo explicou, para evitar que aposentados e pensionistas sigam sofrendo “assédios” com tentativas de golpes.

Gestão anterior

O ministro atribuiu ao governo passado o aumento de fraudes em descontos de associados do INSS. Segundo o ministro, a inércia diante de indícios de irregularidades teria facilitado as ações criminosas. “Detectamos que as primeiras denúncias começaram em 2019. A Polícia Federal da época instaurou um inquérito e arquivou. Então, no governo passado, nada foi apurado e os descontos continuaram. Naquele período, entre 2019 e 2022, foi quando o ladrão entrou na casa. Período em que empresas que entraram e foram credenciadas para fraudar se estabeleceram no INSS”, disse.

Wolney prometeu rigor nas apurações contra as associações responsáveis pelos descontos indevidos. Segundo o ministro, há uma força tarefa que também apura a participação direta ou conivência de servidores. “Essa força atua com a inteligência do Ministério da Previdência, com a PF e com o Ministério Público Federal (MPF). É uma ação constante, porque o INSS é atacado o tempo todo por tentativa de fraudes, toda semana”, afirmou Wolney Queiroz.

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