Lei de reciprocidade prevê instalar uma comissão, diz Haddad

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O ministro da Fazenda Fernando Haddad no programa Canal Livre, da Band

Por Célia Froufe, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 01/09/2025, às 08h01
Brasília, 31/08/2025 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou que a Lei da Reciprocidade prevê a instalação de uma comissão que observará o que convém ao Brasil fazer em relação a casos de comércio internacional, como, por exemplo, o tarifaço dos Estados Unidos e a abertura de uma investigação sobre as atividades domésticas no setor.
“Quais são os instrumentos que nós temos na nossa situação? Qual é a conveniência e até a oportunidade de fazer o trabalho?”, questionou o ministro, simulando as perguntas da comissão. Ele concedeu entrevista ao programa Canal Livre, da Band, que foi exibido na noite deste domingo.
Na sexta-feira, a Broadcast registrou que a comunicação de abertura do processo de reciprocidade do Brasil para os Estados Unidos foi enviada oficialmente ao governo norte-americano pela embaixada do País em Washington. Com isso, foi aberto o espaço para consultas e trocas de informações entre os países sobre práticas comerciais.
Haddad ressaltou que a lei foi aprovada no Congresso pela situação e a oposição. “O próprio partido do (ex-presidente, Jair) Bolsonaro, o do governador de São Paulo (Tarcísio Freitas), votaram a favor da lei de reciprocidade. Ela tem que ser cumprida porque o presidente exigiu”, frisou.
Leia também: Lula afirma que não tem pressa para aplicar reciprocidade aos Estados Unidos
O ministro voltou a dizer que não houve, da parte dos Estados Unidos, nenhuma manifestação de vontade de negociação. “Acredito que, depois das revelações da queda do sigilo, os Estados Unidos não vão fingir que não viram. Uma embaixada tem que informar ao chefe de Estado o que está acontecendo aqui. A embaixada, o secretário de Estado, vai ter que informar a Casa Branca o que está acontecendo aqui. E eu penso que aquela troca de mensagens, entre os filhos, o pai, de maneira como eles retratam a situação, eu penso que aquilo já deve ter chegado ao governo dos Estados Unidos, ao alto comando do governo”, disse, sobre conversas divulgadas entre membros da família Bolsonaro, inclusive do deputado Eduardo, que se mudou para os EUA, com o pai.
“Se eu conheço bem ali, o Estado vai começar a operar no sentido de distensionar. Está muito grave o que está acontecendo. Inclusive, tem frases do Eduardo Bolsonaro que indicam uma tentativa de manipulação para as autoridades americanas por meio de desinformação. Então, ali tem indícios de que o governo dos Estados Unidos não está bem informado sobre o que está acontecendo aqui”, continuou, acrescentando que o Brasil não tem alternativas como a Lei e a entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC) porque não cederá a chantagens.

Visão 'diferente' sobre juros

Haddad voltou a demonstrar uma posição diferente da do Banco Central em relação à condução da política monetária, num momento que a Selic está em 15% ao ano e juro real próximo a 10% -  patamares “muito restritivos”, nas palavras do ministro. “Tenho opinião diferente sobre juro neste momento da diretoria do BC”, disse, na entrevista.
Ele salientou que o juro é um remédio para combater a inflação, mas frisou que a calibragem é importante. Rapidamente comentou que pessoas têm dito que ele tem uma opinião sobre o juro e que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo - com o restante da diretoria - tem outra. “Cada um está numa cadeira”, justificou. 
Em outro trecho da entrevista, ao comentar sobre o sucesso do Desenrola, um programa de seis meses que previa diminuir a inadimplência de pequenas e microempresas, principalmente, Haddad disse que, se houver necessidade, o projeto poderá voltar a ser usado.  “Vamos ver o trabalho da autoridade monetária”, disse, sorrindo. 
O ministro voltou a dizer que a área fiscal é importante, mas que não pode ser atribuída a apenas ela o aumento dos juros no Brasil. Para ele, as negociações de câmbio, que no Brasil são bastante elevadas em relação ao tamanho da economia, também podem estar por trás do aumento. “Minha visão é diferente da do de um economista médio.”

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