Brasília, 30/07/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista ao jornal
The New York Times, que pediu para entrar em contato com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para negociar o tarifaço, mas não tem sido ouvido, pois 'ninguém quer conversar'. Lula afirmou, ainda, que é preciso “esperar o Dia D” para saber se a sobretaxa será aplicada aos produtos importados do Brasil.
“O que está impedindo (o diálogo) é que ninguém quer conversar. Eu pedi para fazer contato. Eu designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Fazenda, para que cada um possa conversar com seus pares (dos Estados Unidos) para entender qual a possibilidade de negociação. Até agora, não foi possível”, disse Lula ao jornal norte-americano.
O presidente brasileiro citou o Bug do Milênio (termo usado no fim dos anos 1990 para se referir a um problema potencial nos sistemas informatizados na passagem de 1999 para 2000, o que nunca aconteceu) e disse ser preciso esperar a sexta-feira, 1º, para saber se as tarifas serão aplicadas pelo governo Trump.
“Você se lembra quando estávamos na virada de 1999 para 2000 e havia um pânico mundial de que os sistemas de computadores iriam quebrar? Nada aconteceu. Eu não estou dizendo que nada vai acontecer (agora, com o tarifaço), mas estou dizendo que temos de esperar o Dia D para saber”, disse o petista.
Segundo ele, o assunto está sendo tratado com “seriedade” pelas autoridades locais, mas não com “subserviência”.
“Tenha certeza de que estamos tratando disso (tarifaço) com a máxima seriedade, mas seriedade não significa subserviência”, declarou. “Em nenhum momento o Brasil vai negociar (com os Estados Unidos) como se fosse um país pequeno contra um país grande”, completou.
Lula afirmou que “se os Estados Unidos não quiserem comprar algo nosso, vamos procurar quem queira”. Disse, ainda, que o Brasil “tem uma relação comercial extraordinária com a China”.
“Temos uma relação comercial extraordinária com a China. Se os Estados Unidos e a China quiserem fazer uma guerra fria, nós não vamos aceitar. Eu não tenho preferência. Eu tenho interesse em vender a quem quiser comprar de mim e a quem pagar mais”, disse.
O presidente também defendeu o Supremo Tribunal Federal brasileiro. Disse que a “Suprema Corte de um país tem que ser respeitada não só pelo seu país, mas pelo mundo”.
Questionado sobre a possibilidade de os Estados Unidos aplicarem a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, Lula se mostrou surpreso. Disse que se isso for verdade, o caso “é mais sério do que imaginei”.
A Lei Magnitsky é uma lei aprovada no Congresso dos Estados Unidos que estabelece sanções a cidadãos estrangeiros acusados de violações de direitos humanos graves ou corrupção. O texto foi aprovado em 2012 e sancionado pelo então presidente Barack Obama. Entre as punições, por exemplo, estão o congelamento de ativos e a proibição de entrada nos EUA.