Lula diz que governo busca negociar com a 'maior tranquilidade' com os EUA

Ricardo Stuckert / PR

Em Nova York, Lula também discursou na ONU sobre a Palestina, condenando terroristas e os ataques de Israel em Gaza - Ricardo Stuckert / PR
Em Nova York, Lula também discursou na ONU sobre a Palestina, condenando terroristas e os ataques de Israel em Gaza

Por Lavínia Kaucz e Gabriel de Sousa, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 22/09/2025, às 20h19 - Atualizado às 20h20
Brasília, 22/09/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o governo federal está tentando negociar com os EUA para mitigar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros “com a maior tranquilidade possível”. “Não tomo decisões com raiva. E no momento em que os Estados Unidos desejarem negociar, estaremos prontos para negociar”, disse Lula hoje em entrevista à rede de televisão americana PBS. Lula está nos EUA desde ontem, onde vai participar da 80ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.
 Lula disse ainda que a “opinião pública mundial” sobre a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não é uma explicação para as tarifas. “É inacreditável que o presidente Trump tenha esse tipo de comportamento com o Brasil devido ao julgamento de um ex-presidente que tentou um golpe de Estado”, afirmou.
Leia também: Lula disse ao The New York Times que Trump 'não quis conversar' sobre tarifas
 O presidente voltou a dizer que o Brasil “quer ter um relacionamento civilizado com os EUA” e com o presidente americano Donald Trump. “Como dois chefes de Estado, temos que nos respeitar, porque fomos eleitos democraticamente pelo povo dos nossos países para dar apoio a esses atores e ao governo, se isso for possível. É assim que espero manter nosso relacionamento com os EUA, e é por isso que acho isso um absurdo. Acho essa tarifa absurda”, declarou.

Palestina

Outro compromisso de Lula em Nova York foi a participação, na sede da ONU, da conferência internacional que discute uma solução pacífica para o conflito entre Israel e o Hamas, a partir da implementação da Solução de Dois Estados, pela qual um Estado palestino deve ser criado, ao lado do já existente Estado judeu de Israel.
 O presidente Lula fez um discurso enfático contra a atuação militar de Israel na Faixa de Gaza. Em uma fala de cinco minutos, Lula afirmou que o conflito no Oriente Médio é "símbolo maior dos obstáculos enfrentados pelo multilateralismo" e que "genocídio" é a palavra apropriada para se referir aos ataques na região.
 "Como falar em território diante de uma ocupação ilegal que cresce a cada novo assentamento? Como manter uma população diante da limpeza étnica a que assistimos em tempo real? Como construir um governo sem empoderar a Autoridade Palestina?", afirmou o presidente.
 Lula também criticou o poder de veto dos países integrantes do Conselho de Segurança da ONU que, ultimamente, tem sido utilizado pelos Estados Unidos para barrar decisões que procuram pôr um fim na guerra em Gaza.
 "A tirania do veto sabota a própria razão de ser da ONU de evitar que atrocidades, como as que motivaram a sua fundação, se repitam. Também vai contra a sua vocação universal, bloqueando a admissão como membro pleno de um Estado, cuja criação, deriva da autoridade da própria Assembleia Geral", disse o presidente.

Terroristas 

 O presidente também condenou os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, que foram o estopim do atual conflito na Faixa de Gaza. Segundo Lula, o direito de defesa israelense não autoriza a "matança indiscriminada de civis".
 "Os atos terroristas cometidos pelo Hamas são inaceitáveis. O Brasil foi enfático ao condená-los, mas o direito de defesa não autoriza a matança indiscriminada de civis. Nada justifica tirar a vida ou mutilar mais de 50 mil crianças", afirmou.
 No fim do discurso, Lula saudou países que recentemente reconheceram o Estado da Palestina, e lembrou que o Brasil fez o reconhecimento em 2010, no último ano do segundo mandato dele. Segundo Lula, o grupo de nações já é maioria dos 192 membros da ONU. O chefe do Executivo brasileiro também se comprometeu a reforçar o controle sobre importações de assentamentos ilegais na Cisjordânia e manter suspensas as exportações de material de defesa.
 "O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento do seu sonho de nação. Tanto Israel quanto a Palestina têm o direito de existir", disse o presidente.

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