Ricardo Stuckert/PR
Por Gabriel de Sousa, Giordanna Neves, Flávia Said e Lavínia Kaucz, da Broadcast
redacao@viva.com.brBrasília, 13/08/2025 - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deu um recado para os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), sobre a aprovação da Medida Provisória (MP) assinada hoje para mitigar os impactos econômicos do "tarifaço" de 50% imposto pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. De acordo com o presidente, a "bola" está agora com o Congresso.
"Quanto mais rápido vocês votarem, mais rápido os prejudicados serão beneficiados. E nós também estamos dando ao mundo uma saída, porque muitos países estão na mesma dificuldade que o Brasil. Então, estamos mostrando que é assim que se faz. E, se tiver mais coisa, nós vamos fazer. Porque, neste País, ninguém larga a mão de ninguém", disse Lula.
Dentre as medidas anunciadas pelo governo, estão a criação de linha de financiamento de R$ 30 bilhões, com recursos do superávit financeiro do Fundo de Garantia à Exportação, mudança das regras do seguro de crédito à exportação, medidas de contratação pública para incentivar a aquisição de gêneros alimentícios impactados pelas tarifas e mudanças em fundos garantidores para amparar os exportadores.
As declarações ocorreram nesta quarta-feira, 13, no Palácio do Planalto, durante a cerimônia de assinatura da Medida Provisória do "Plano Brasil Soberano", com medidas para mitigar os impactos econômicos do "tarifaço".
Em relação ao diálogo com os EUA para tentar reverter a sobretaxa de 50%, Lula repetiu que "quem não quer negociar são eles, quem está com bravata são eles".
Segundo Lula, "essa aposta que o governo dos Estados Unidos está fazendo pode não dar certo para eles" e o Brasil está procurando alternativas "para que os EUA aprendam que democracia e respeito comercial e multilateralismo vale para nós e deve valer para eles".
Ele afirmou que o presidente da China, Xi Jinping, "assusta" os EUA porque tem balança comercial de US$ 160 bilhões com o Brasil. E disse que "o Brasil, a gente vai continuar assustando muita gente", porque vai continuar melhorando sua produção.
"Eu já falei com Índia, China, Rússia, vou falar com a França, com a Alemanha. Eu vou falar com todo mundo. Eles se dão conta do que está acontecendo no mundo e, junto aos Brics, nós vamos fazer uma teleconferência que está sendo articulada para a gente discutir, dentro dos Brics, o que podemos fazer para melhorar a nossa relação entre todos os países que foram acertados", disse Lula.
"A crise quer dizer para a gente criar novas coisas. A humanidade criou grandes coisas que salvaram a humanidade num tempo difícil. Nesse caso, o que é desagradável é que a razão justificada para impor sanções ao Brasil não existe", destacou Lula.
Também o presidente disse que não tem medo de briga. "O meu time não tem medo de brigar. Se for possível brigar, a gente vai brigar. Mas, antes de brigar, a gente quer negociar. A gente quer vender, quer comprar", disse. "Meu time de negociador está aqui. Primeira linha. Nem o Real Madrid, nem o Barcelona, nem o Paris Saint-Germain chegam perto do meu time de negociação. Agora é preciso contar para o outro lado que nós não estamos anunciando reciprocidade. Nós não queremos, neste primeiro momento, saber nada, nada que justifique, sabe, piorar a nossa relação. Nesse momento, nós estamos tentando aproximar a relação", afirmou Lula
O presidente declarou que o governo está alcançando a marca de 400 novos acordos comerciais em dois anos e meio e que "esse é o momento de procurar novos parceiros."
Lula repetiu que se o ataque ao Capitólio nos EUA em janeiro de 2021 tivesse acontecido no Brasil, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estaria sendo julgado. "Eu diria isso ao presidente Trump, se tivesse acontecido no Brasil o que aconteceu no Capitólio, ele estaria sendo julgado aqui também", afirmou.
"A soberania nossa é intocável, ninguém dê palpite no que temos que fazer", disparou o presidente, que disse que Trump tem uma "necessidade muito grande de destruir o multilateralismo que permitiu que mundo tivesse comércio mais equilibrado".
Os EUA impuseram sanções ao Brasil como forma de pressionar pela anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. "Estamos fazendo aquilo que é feito somente em países democráticos, julgando alguém com presunção de inocência".
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