São Paulo, 17/11/2025 - O mercado começa a ver sinais de que a inflação brasileira pode estar sob controle. Essa conclusão pode ser tirada a partir da edição de hoje do Boletim Focus, pesquisa semanal do BC realizada com cerca de 140 instituições financeiras sobre os principais indicadores da economia. As projeções do Focus revelam as expectativas do mercado financeiro sobre a economia, olhando para o presente e o futuro, a partir de indicadores da taxa de inflação (IPCA e IGPM), câmbio (cotação do dólar), crescimento do PIB e a taxa básica de juros (Selic).
No caso do IPCA, o mais importante índice de alta dos preços na economia, a mediana para a inflação para 2025 caiu de 4,55% para 4,46%. É a primeira vez desde dezembro de 2024 que o IPCA fica abaixo do teto da meta definida pelo BC. Há um mês, essa mediana estava em 4,70%.
Juros podem voltar a subir, se necessário
O BC espera que o IPCA seja de 4,6% em 2025 e 3,6% em 2026, conforme a trajetória divulgada no último ciclo de comunicações do
Comitê de Política Monetária (Copom). No segundo trimestre de 2027, o colegiado espera que a inflação em 12 meses seja de 3,3%.
Na última decisão, o Copom manteve a taxa básica de juros (Selic) em 15%, pela terceira vez consecutiva. No ata, o colegiado afirmou que sua avaliação atual é de que "a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta".
Voltou a repetir, porém, que seguirá vigilante e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados, o que significa que poderá voltar a elevar juros caso a inflação volte a pressionar a economia. "(O Copom) não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado", escreveu.
BC tem metas de inflação
Desde janeiro deste ano, o BC persegue uma meta contínua de inflação, com centro de 3% e tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Quando o IPCA acumulado em 12 meses fica acima ou abaixo da banda de tolerância - mais do que 4,50%, ou menos do que 1,50% - por seis meses consecutivos, considera-se que a autoridade monetária perdeu a meta.
Cálculos da Broadcast com base nas medianas para o IPCA mensal do Sistema Expectativas de Mercado indicam que, de novembro de 2025 até novembro de 2027, o IPCA acumulado em 12 meses não vai ficar acima de 4,50% por seis meses consecutivos em nenhum período. Na verdade, os economistas do mercado esperam um único repique da inflação acima do teto da meta, em janeiro de 2026, a 4,74%. Em fevereiro, a taxa já cairia a 3,97%, evitando que o BC perca a meta.
No entanto, o mercado também não vê convergência da inflação ao centro da meta, de 3%, em momento algum. A menor taxa prevista para o IPCA em 12 meses, de 3,72%, ocorreria em abril de 2026. No horizonte relevante da política monetária, o fim do segundo trimestre de 2027, a inflação acumulada ficaria entre 3,93% (com base nas projeções mensais) e 3,95% (com base nas estimativas trimestrais) - bem acima dos cálculos do próprio BC (3,3%) e do Ministério da Fazenda (3,2%).