Minha Casa terá faixas de renda atualizadas para se tornar mais inclusivo

Ricardo Stuckert / PR

Conjunto do Minha Casa Minha Vida em Fortaleza - Ricardo Stuckert / PR
Conjunto do Minha Casa Minha Vida em Fortaleza

Por Por Circe Bonatelli, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 09/10/2025, às 13h14 - Atualizado às 13h28
São Paulo, 09/10/2025 - O ministro das Cidades, Jader Filho, disse que o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) passará por elevações nas faixas de renda e no teto do preço de imóveis nas faixas mais baixas (1, 2 e 3, com exceção da 4). As alterações já foram definidas e vão passar a valer ainda neste ano.
“São alguns arranjos populacionais em que nós identificamos que existe a necessidade do aumento, porque isso está limitando que as famílias alcancem o financiamento”, afirmou, sem mais detalhes sobre o teor dos ajustes que serão adotados. “Agora, nas próximas semanas, nós vamos tratar para que isso entre em linha, que aconteça”.
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O ministro afirmou que as medidas não incluem a recém-lançada faixa 4 do MCMV, que atende famílias com renda de até R$ 12 mil.
As declarações ocorreram em entrevista coletiva à imprensa após palestrar no Fórum Brasileiro das Incorporadoras, organizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em São Paulo.

Famílias desatendidas

O ministro afirmou que o novo modelo de crédito imobiliário tem como objetivo atender às famílias que buscam comprar a casa própria e que vinham enfrentando dificuldades para obter crédito em virtude dos juros altos.
“O que nós buscamos é trazer mais recurso para que todas as famílias, não só as das classes mais baixas (...) encontrem uma alternativa de financiamento que caiba no bolso delas”, afirmou o ministro.
Ele lembrou que as famílias com renda até R$ 12 mil já contam com opções de financiamento a juros reduzidos dentro do Minha Casa Minha Vida (MCMV). Já as famílias com renda entre R$ 12 mil e R$ 20 mil estão desatendidas.
Jader Filho observou que essas famílias, embora tenham renda superior a boa parte da população, não podem ser consideradas ricas. Para elas, o juro alto tem sido um limitante para a aquisição de imóveis.
“Não vamos parar enquanto todas as famílias não tiverem oportunidade de comprar a casa própria”, enfatizou, defendendo as medidas da pasta para o setor da habitação. “É importante o movimento do MCMV, mas é preciso lembrar que é preciso haver vida fora do programa. O MCMV sozinho não vai resolver”.
A estimativa é que o novo modelo do crédito imobiliário resulte em torno de 80 mil contratações de financiamento pela Caixa Econômica Federal ao longo de um ano após entrar em vigor.
O ministro evitou detalhar o teor da nova política de crédito imobiliário, que será anunciada em cerimônia oficial em São Paulo nesta sexta-feira, 10, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Bancos

A proposta busca corrigir o esgotamento da poupança como fonte de financiamento imobiliário e criar uma transição para um modelo mais flexível e sustentável. A ideia é que, a cada real emprestado no crédito habitacional, os bancos possam usar o mesmo valor em recursos da poupança livremente por até cinco anos, um prazo que seria prorrogável, mediante a concessão de novos financiamentos.
Hoje, 65% dos recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE) precisam ser direcionados para o crédito imobiliário, enquanto 20% são recolhidos como compulsório pelo BC e 15% são de uso livre. Inicialmente, a autoridade monetária deve liberar cinco pontos porcentuais do compulsório para o uso das instituições que aderirem ao modelo, com impacto estimado entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões no crédito imobiliário.
Nos recursos liberados, 80% deverão ser aplicados no Sistema de Financiamento Habitacional (SFH), com taxa de juros máxima de 12% ao ano, e os 20% restantes no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que opera a taxas de mercado. A divisão valerá inclusive para os valores liberados do compulsório.
O novo modelo será implementado gradualmente até o fim de 2026, em fase de testes, e deverá entrar em pleno funcionamento em 2027. O período de transição foi um pedido do setor da construção civil, que alertou para o risco de rupturas bruscas no sistema de crédito.

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