Ministro diz que Lula não pretende fazer quebra de patentes para retaliar EUA

Walterson Rosa/MS

Padilha: 'Ninguém sai fazendo quebra generalizada de patentes ou utiliza esse mecanismo como retaliação' - Walterson Rosa/MS
Padilha: 'Ninguém sai fazendo quebra generalizada de patentes ou utiliza esse mecanismo como retaliação'

Por Altamiro Silva Junior, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 07/08/2025, às 16h08
São Paulo, 07/08/2025 - O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que o presidente Lula não pretende incluir a quebra de patentes de medicamentos nas conversas sobre tarifas com Donald Trump. "Nunca existiu qualquer estudo dentro do Ministério da Saúde sobre isso. Nunca existiu qualquer proposta de quebra generalizada de patentes."
 "Ninguém sai fazendo quebra generalizada de patentes ou utiliza esse mecanismo como retaliação", afirmou Padilha. Nas últimas semanas, chegou a circular que a quebra de patentes de produtos norte-americanos, como medicamentos, seria uma forma de o Brasil retaliar as tarifas de Trump.

'Insegurança global'

 Padilha disse que desde o início do governo Trump tem havido uma "insegurança global", mesmo dentro dos Estados Unidos, com cortes de investimento e fim de contratos com empresas do setor farmacêutico, como as fabricantes de vacinas. "É oportunidade para que o Brasil aumente a sua capacidade de produção, de tecnologia, medicamentos, para atração de investimentos", ressaltou.
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Segundo Padilha, existe um mecanismo chamado de "licenciamento compulsório", reconhecido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), mas que é voltado para crises de saúde pública e não para retaliação comercial. "O que o governo vai fazer com muita energia é reduzir a dependência de qualquer país em relação a oferta de medicamentos", disse o ministro, defendo a produção interna, incluindo com aceleração de registros pela Anvisa.
 A declaração do ministro está em um vídeo que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) vai postar ainda hoje em duas redes sociais. O ministro visitou a sede da instituição nesta quinta-feira e foi recebido pelo presidente Isaac Sidney e pela diretoria da entidade.
 O ministro disse que o governo está "fazendo um esforço" para apoiar o setor de dispositivos médicos, que exporta para os Estados Unidos e pode sofrer com as tarifas de 50%. "O governo federal vai apoiar esse setor a diversificar seus mercados", afirmou.
 Em outra tema, sobre o financiamento do setor de saúde, Padilha falou de aumentar os instrumentos de captação. "Vamos regulamentar debêntures na área da saúde, novos mecanismos de financiamento de startups."
 Na Febraban, o ministro participou de uma reunião com o setor bancário sobre oportunidades de parcerias nos segmentos de saúde suplementar, seguros e planos de saúde, mercados que os bancos têm participação relevante, além de falar de financiamento no setor.
 Sobre as tarifas, Sidney ressaltou que é preciso reduzir a tensão comercial entre Brasília e Washington. "Temos uma expectativa e torcemos para que isso possa se dirimir em diálogo", disse. O presidente da Febraban destacou também que, apesar dos juros altos, o Brasil tem apresentado crescimento robusto, com nível de desemprego historicamente baixo. Tensões que possam trazer prejuízos a esse ambiente não são recomendadas, ressaltou Sidney.

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